domingo, 20 de dezembro de 2009

Quefir: alternativa para uma alimentação funcional

quefir A sentença "Faça do teu alimento o teu remédio", atribuída a Hipócrates (460 a.C. a 377 a.C.), o médico grego conhecido como o pai da medicina, ilustra a preocupação com a saúde e a alimentação, cada vez mais comum na sociedade contemporânea. Entre as medidas adotadas por quem segue um cardápio saudável em nome do bem-estar, está o consumo de alimentos funcionais – aqueles que, além de suas funções nutricionais básicas, apresentam outras propriedades benéficas, como a melhora do metabolismo e a redução do risco de doenças. O quefir (do turco, keif, isto é, sentir-se bem) é um desses alimentos que oferecem múltiplos benefícios. Trata-se de um leite fermentado, levemente ácido e alcoólico, originário das montanhas do Cáucaso, onde os camponeses vem utilizando seus "grãos" por séculos. Os "grãos" de quefir são um aglomerado complexo de bactérias e leveduras – como Lactococcus lactis subsp. Lactis; Lactococcus lactis subsp. Cremoris; Lactococcus lactis subsp. diacetylactis,; Leuconostoc mesenteroides subsp. Cremoris; Lactobacillus Kefyr (thermophilic); Klyveromyces marxianus var. marxianus; Saccaromyces unisporus – unidas a uma matriz de polissacarídeo. A bebida é preparada a partir da fermentação desses "grãos", que lembram fragmentos de couve-flor, no leite. "Os povos do Cáucaso atribuem a sua longevidade ao consumo deste leite fermentado", conta a farmacêutica Márcia Barreto Feijó, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF). A professora coordena um estudo, fruto de parceria entre a UFF e a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), com o objetivo de investigar os "grãos" de quefir e dos quefirados, por meio de análises físico-químicas e microbiológicas. A pesquisa é apoiada com recursos financeiros do edital de Apoio à Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro da FAPERJ. "A proposta é otimizar a produção do quefir a partir da observação da fermentação dos ‘grãos’ em substratos diferentes, como leite integral, desnatado, e enriquecido, modificando variáveis como tempo e temperatura", explica. Os experimentos em busca da composição química ideal das bebidas quefiradas são realizados no Laboratório de Controle da Qualidade da Pesagro-Rio. A ideia é conservar um maior número de micro-organismos benéficos vivos, além de encontrar o sabor mais agradável para a bebida. A equipe já chegou a algumas conclusões para o melhor preparo do quefir. "Provamos que o melhor é preparar o quefir com leite desnatado, porque o número de bactérias lácticas aumenta com menores níveis de gordura. Outra conclusão é que a temperatura ótima, para a maioria dos microorganismos que constituem os "grãos" do quefir, é em torno de 22 ºC", diz. O quefir ainda é pouco conhecido no Brasil. Nenhuma empresa apresentou interesse no processo de industrialização da bebida, mesmo aquelas que já o fazem no exterior. "Embora haja um mercado aberto para alimentos funcionais, é preciso incentivar o hábito do consumo desta bebida láctea, através da divulgação das informações e benefícios à saúde que o quefir proporciona, para justificar a produção em larga escala. No entanto, este rico alimento pode ser preparado em casa. Existe uma tradição entre seus consumidores, no Brasil e no exterior, de não se vender os ‘grãos’ e sim, repassar os ‘grãos’ excedentes", destaca. O leite deve ser colocado em um recipiente limpo de vidro e preferencialmente de boca larga. Os "grãos" são adicionados em uma proporção de uma parte para cada 10 partes de leite. O conteúdo deve ser deixado à temperatura ambiente por aproximadamente 24 horas. Após a fermentação, o quefirado (leite fermentado) é coado para separar e recuperar os "grãos" do quefir, que serão adicionados a mais leite fresco, repetindo o processo. Isto possibilita o reaproveitamento contínuo dos "grãos", que se multiplicam. O quefirado pode ser consumido imediatamente ou refrigerado para consumo posterior. "Se as condições básicas de higiene forem observadas, o risco de contaminação é nulo", afirma Márcia. Além da ingestão como bebida protéica, o quefir pode ser apreciado na culinária nas mais diversas formas, como no preparo das saladas, substituindo a maionese, e como queijo cremoso, base para bebidas e vitaminas, formulações de bolos, biscoitos e pudins, tornando-os mais saudáveis. Comparado ao iogurte, o quefir além de possuir uma escala maior e mais diversa de micro-organismos viáveis em sua cultura inicial (starter), apresenta um nível de atividade da ß-galactosidase mais elevada em 60%, contribuindo para um aumento significativo da digestão da lactose. Também se difere do iogurte por conter, além do ácido láctico, álcool e gás carbônico. "O ácido lático produzido combina-se com os minerais cálcio e ferro, aumentando a absorção destes elementos, e também facilita o processo de digestão das proteínas, principalmente nos casos onde a secreção de ácido clorídrico está dificultada", diz. O quefir é ao mesmo tempo prebiótico e probiótico. "Ele é prebiótico porque fornece condições para bactérias benéficas se instalarem no intestino, assim como os iogurtes com fibras (inulina e FOS), e probiótico porque os micro-organismos ingeridos com o produto chegam vivos ao intestino, como alguns leites fermentados industrializados", explica Márcia. De acordo com ela, a lista dos benefícios gerados pelo quefir é extensa. "O consumo da bebida melhora o trânsito intestinal, evitando outras doenças além da constipação, como hemorróidas, doenças diverticulares e câncer de colo. Estudos realizados no exterior e no Brasil constatam que ele melhora a imunidade do organismo ainda tem atividade anticancerígena e anti-inflamatória, podendo também reduzir lipídios como o colesterol", conclui.

Para saber mais, fonte: FAPERJ

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Preparo certo

As tabelas de informação nutricional de alimentos servem de guia para que os médicos e nutricionistas desenvolvam dietas para os pacientes. No entanto, a maioria das tabelas não leva em conta um aspecto muito importante: a forma de preparo da comida. Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) acaba de desenvolver uma nova tabela nutricional considerando este fator, ausente nas outras tabelas utilizadas no Brasil. O cardiologista Carlos Scherr, que realizou o estudo durante seu doutorado na UFRGS, afirma que um frango grelhado sem pele, por exemplo, tem 50% menos gordura do que um frango frito com pele. Algumas das tabelas de composição de alimentos mais utilizadas trazem somente os valores do frango cru. Durante o estudo, foi avaliada a composição química de 75 produtos, considerando várias formas de preparo, no Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), em Campinas, São Paulo. Foram utilizados somente produtos nacionais para evitar equívocos encontrados em outras tabelas adotadas no Brasil, baseadas em tabelas americanas, onde, entre outros itens, o gado é diferente. Diversas formas de preparo dos alimentos foram comparadas. “Nossa preocupação foi avaliar a comida exatamente como vai à mesa”, explica Scherr. Os resultados derrubam alguns mitos, como o de que o pernil seria um vilão a ser sempre evitado por seu alto teor de gordura. “Quando se retira a gordura aparente e depois se prepara o pernil grelhado, ele tem menos gordura do que um contra-filé, qualquer que seja a forma como este é preparado”, revela. Scherr ressalta que as dietas não precisam ser restritivas, já que assim é maior a chance de as pessoas as abandonarem e adotarem estilos de alimentação que aumentam o risco de ocorrência de doenças cardiovasculares. “Todos os alimentos podem ser consumidos, desde que seja utilizada prioritariamente sua forma de preparo mais saudável”, lembra. O cardiologista pretende dar continuidade à pesquisa e comparar as formas de preparo de outros pratos do dia-a-dia, como a feijoada. Scherr afirma que a população ainda tem pouca informação sobre os alimentos. Produtos anunciados como ‘sem colesterol’ podem ser muito prejudiciais à saúde por conterem gordura saturada. “Ao entrar no organismo, a gordura saturada gera o triplo de colesterol da sua quantidade inicial”, explica. “Outro erro comum é preparar a carne com a gordura aparente e depois retirá-la. Durante o preparo, essa gordura é absorvida pela carne, então ela deve ser retirada antes”, completa. 

Para saber mais, fonte: Ciência Hoje

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Merenda nas creches terá o dobro de recursos

Mais de 1,3 milhão de crianças com até três anos de idade serão beneficiadas com a ampliação dos recursos para a alimentação escolar nas creches públicas, filantrópicas e comunitárias. A partir de setembro, o valor destinado à alimentação por aluno será dobrado, o que significa investimento extra de R$ 17,7 milhões somente em 2009. Além dos R$ 17,7 milhões que serão investidos durante os meses que faltam para o final do ano, a merenda ganhará, em 2010, R$ 59 milhões a mais para a alimentação das crianças nas creches. O valor destinado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) à alimentação por dia letivo é de R$ 0,22 por aluno da educação de jovens e adultos, pré-escola, ensino fundamental e médio. Para as creches, o valor passa a R$ 0,44, o que vai reforçar a qualidade da merenda. Segundo a Coordenação Técnica de Alimentação e Nutrição do FNDE, as crianças com até três anos necessitam de mais nutrientes, pois o desenvolvimento cerebral, psíquico e físico é mais acelerado nesta fase. “Déficit de proteínas ou carboidratos nessa faixa etária pode causar problemas de saúde irreversíveis”, afirma a coordenadora-geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), Albaneide Peixinho. Além do aumento no valor repassado às creches, a alimentação escolar ganhou reforço, em 2009, com a inclusão dos estudantes do ensino médio e da educação de jovens e adultos no Pnae.  Com a medida, mais de 12 milhões de estudantes passaram a ter direito à merenda escolar, o que gera um total de 47 milhões de estudantes com direito à alimentação na escola. Os recursos foram ampliados em R$ 400 milhões, passando a mais de R$ 2 bilhões ao ano. Ainda segundo a lei, estados e municípios devem usar 30% dos recursos repassados à alimentação escolar para a compra de produtos da agricultura familiar. Com a medida, mais de R$ 600 milhões por ano são investidos nos produtos, o que estimula os pequenos agricultores e dinamiza a economia local. O Programa Nacional de Alimentação Escolar promove a transferência suplementar de recursos financeiros a estados, Distrito Federal e municípios para suprir, parcialmente, as necessidades nutricionais dos estudantes. O orçamento deste ano é de R$ 2,02 bilhões para atender todos os estudantes da educação básica.

Para saber mais, fonte: Portal do Governo Brasileiro

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pequeno lapso na dieta pode levar a estresse cerebral intenso

doces  Alternar uma dieta com comportamento alimentar compulsivo mostrou ser uma forma perigosa de ciclo vicioso que pode estressar o cérebro e causar ansiedade e sintomas similares à síndrome de abstinência. “Nesse período inicial da dieta, a alternância entre esses alimentos mais calóricos – mas com esse atrativo de sabor bem mais acentuado, como doces  – e comidas mais saudáveis – mas talvez com menos intensidade de sabor – pode levar a um comportamento compulsivo eventual, especialmente por doces”, diz Eric Zorrilla do Instituto de Pesquisa Neurológica Harold Dorris, EUA. “Assim como no vício do álcool ou de drogas, o sistema de estresse do cérebro é ativado em cada mudança drástica”, explica o pesquisador, que realizou seus estudos com modelos animais. “O estudo mostrou que esse tipo de padrão de alimentação leva a um círculo vicioso. Ter um ‘dia livre’ em período de dieta pode ser perigoso. Quanto mais você fizer essas alternâncias, mais você pode entrar novamente no ciclo, estressando o cérebro”, completa Pietro Cottone, outro autor do estudo e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston. O estudo foi feito com dois grupos de roedores, ambos sem restrição na quantidade de alimentos. Um deles era alimentado com 5 dias de dieta balanceada e 2 dias de dieta rica em açúcares. O segundo foi alimentado com uma dieta regular. O que foi observado então foi o comportamento desses animais. No grupo alimentado com alternância da dieta, os indivíduos que tinham acesso a alimentos balanceados – a primeira fase – buscavam menos a comida, comiam regularmente e evitavam situações que envolvessem provocações com outros roedores – o que significa menos ansiedade,  abaixo do nível normal. Quando a dieta era trocada pelos alimentos ricos em açúcar a ansiedade aumentava e eles comiam mais que o necessário, demonstrando comportamentos compulsivos e de agressividade alta, similares aos observados em roedores durante a síndrome de abstinência, relatados em outros estudos. No grupo sem alternância – usado como parâmetro de controle – não houve nenhum desses efeitos. Além disso foi medido os níveis de alguns hormônios ligados ao estresse, confirmando as variações de humor do primeiro grupo observado. “É comum ouvirmos pessoas falando que não conseguem seguir uma dieta porque estão estressadas”, diz Dorris. “Mas o estudo mostra que essa alternância é que pode estar causando o estresse, ou seja, aquele pedaço de bolo durante um período de dieta pode estar ativando justamente o sistema de estresse do cérebro ou contribuindo para que outros gatilhos o ativem”, finaliza.

Para saber mais, fonte: UOL

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Consumo de leite por adultos

leite Adultos devem ou não tomar leite? Em torno dessa pergunta polêmica e ainda sem resposta consensual da comunidade científica o livro Leite para Adultos: Mitos e Fatos frente à Ciência (Varela Editora) foi lançado este mês durante o 8º Simpósio Latino-Americano de Ciências de Alimentos. A obra, de Adriane Elisabete Costa Antunes, professora da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Maria Teresa Bertoldo Pacheco, pesquisadora do Centro de Química de Alimentos e Nutrição do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), é uma coletânea de publicações científicas a respeito do assunto. O ser humano é o único mamífero que consome leite de outra espécie e que o continua consumindo após o desmame. Esse ponto tem levantado questionamentos a respeito de seu consumo na idade adulta, que não seria algo “natural”. Beber leite após o período da lactação foi um hábito adquirido pelos seres humanos ao longo da história. Segundo o livro, adaptações genéticas em diferentes momentos e civilizações promoveram a capacidade de os humanos adultos digerirem os componentes do leite. Esse processo deve ter começado em uma época histórica próxima ao início da domesticação e da criação de animais, aponta Adriane. Prova de que essa adaptação ao leite é recente em termos históricos é o alto índice de intolerância à lactose (o açúcar do leite) ainda hoje presente na população mundial. “Há regiões em que essa intolerância chega a 80% da população, como em partes da África, Ásia e Oriente Médio”, disse. No entanto, isso não seria sinal de que o leite é nocivo e que deva ser evitado pelos adultos. O maior motivo é que ele é a principal fonte de cálcio absorvido por meio da alimentação, respondendo por 70% do total ingerido pelo homem desse mineral. “As mães enquanto estão amamentando precisam de reposição de cálcio ou acabam retirando-o do próprio organismo”, alerta Adriane, lembrando que a falta do mineral pode causar problemas nos ossos como osteoporose, osteopenia e osteomalase. Para a pesquisadora, esse argumento reforça o apoio ao consumo de leite, uma vez que não há vegetais ou outra fonte alimentar tão rica em cálcio. Outro dado importante é que, segundo estudos citados no livro, 45% das lactantes intolerantes à lactose perdem a sua intolerância durante o período de gravidez e de lactação. Quanto às críticas ao consumo de leite de outras espécies, Adriane rebate dizendo que o homem é extremamente adaptável e tem capacidade para exercer escolhas. “Outros animais também gostam e beberiam leite de outras espécies se lhes fosse oferecido. Mas o homem ainda considera o leite um alimento nobre para dar aos animais”, disse.

Para saber mais, fonte: Agência FAPESP

domingo, 22 de novembro de 2009

Resveratrol pode proteger contra esteatose hepática em alcoólicos

vinhotinto De acordo com os investigadores da Universidade da Flórida do Sul, o resveratrol, um polifenol presente no vinho tinto, pode prevenir o desenvolvimento de esteatose hepática associada ao consumo crónico de álcool. O estudo, desenvolvido em ratos, revelou que o resveratrol pode activar duas moléculas que participam na sinalização celular e degradação das gorduras no fígado: proteína quinase activada por AMP (AMPK) e sirtuína 1 (SIRT1). Estas moléculas são alegadamente inibidas pelo álcool, levando à acumulação de gordura e esteatose hepática (fígado gordo). Embora as recomendações dos especialistas sejam obviamente para evitar o consumo excessivo de álcool, os resultados sugerem que indivíduos alcoólicos podem beneficiar se aumentarem o seu consumo de alimentos ricos em resveratrol. Investigações anteriores associaram os potenciais efeitos benéficos do vinho ao resveratrol, um potente polifenol e químico anti-fúngico que ocorre naturalmente debaixo da pele de uvas pretas. O resveratrol é frequentemente referido como o composto bioactivo das uvas e vinho tinto e tem sido particularmente associado ao 'French Paradox', denominação utilizada para descrever a baixa incidência de doença cardíaca e obesidade entre os Franceses, apesar da sua dieta com elevado teor de gordura e consumo de vinho. Os investigadores, liderados por Joanne Ajmo, estudaram os efeitos do resveratrol a nível molecular. Os ratos foram divididos em 4 grupos: dieta hipolipídica suplementada com resveratrol; dieta hipolipídica suplementada com resveratrol e etanol; dieta hipolipídica suplementada com etanol e dieta hipolipídica apenas (grupo controlo). No fim do estudo, os investigadores revelaram que, tal como esperado, o resveratrol aumentou a expressão da SIRT1 e estimulou a actividade da AMPK no fígado dos ratos que consumiram álcool. Mais ainda, estes aumentos foram associados a alterações nos níveis de outras moléculas que controlam o metabolismo lipídico, incluindo a adiponectina, uma hormona produzida pelos adipócitos que ajuda a controlar a obesidade. Estas alterações foram associadas à prevenção da acumulação de gordura no fígado dos ratos tanto pela redução da produção de gordura como pelo aumento do consumo da gordura presente.

Para saber mais, fonte: APD

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Nutrientes desperdiçados

tomate A rotina agitada faz com que cada vez mais pessoas optem por alimentos industrializados, o que tem levado a um constante aumento na produção. Com isso, cresce também um problema ainda pouco estudado no país, o desperdício industrial. Mieko Kimura, professora do Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de São José do Rio Preto, encontrou importantes substâncias nutricionais, chamadas bioativas, nos lixos das empresas. Os resíduos industriais analisados mostraram ser fontes ricas de carotenoides, compostos fenólicos, fibras e vitamina C, substâncias que poderiam ser aproveitadas pelas indústrias farmacêutica e cosmética e pelo próprio ramo alimentício. “Descartados, esses resíduos geram ônus para as empresas, que muitas vezes pagam para terceiros fazerem o descarte, além de criar problemas ambientais e aumentar o valor do produto fabricado”, afirmou durante o 8º Simpósio Latino-Americano de Ciência de Alimentos, realizado na semana passada na Universidade Estadual de Campinas. A pesquisadora recolheu resíduos de pequenas e médias indústrias oriundos de diferentes matérias-primas, como tomate, abóbora e goiaba. Em apenas uma empresa, como resultado do processamento do tomate, Mieko contabilizou o desperdício de 24 quilos de licopeno e cerca de 250 gramas de betacaroteno no período de um mês. “Parece pouco, mas não é. Basta considerar que 1 miligrama de betacaroteno vale US$ 25 no mercado norte-americano”, apontou. Betacaroteno é uma pró-vitamina que, ao ser processada pelo organismo, auxilia na produção de substâncias nutricionais importantes, especialmente a vitamina A. A triste ironia, lembra, é que muitas empresas de alimentos compram pró-vitaminas para enriquecer os seus produtos. Mieko listou vários fatores que têm estimulado o aumento do consumo de alimentos industrializados, entre os quais o fato de os vegetais in natura serem mais perecíveis em contraponto ao período de validade dos industrializados, maior devido ao uso de conservantes. Também há o problema da falta de tempo para preparar os alimentos e a melhora da qualidade sensorial, ou seja, no gosto dos produtos industrializados. “Esses fatores têm feito a produção crescer bastante, em especial a de sucos prontos, que está entre os ramos que mais têm prosperado”, disse. Como solução para o desperdício, a professora da Unesp preconiza a pesquisa científica no setor. “Precisamos incentivar os estudantes a trabalhar com resíduos industriais”, afirmou. Segundo Mieko, o Brasil tem perdido recursos valiosos nos processos industriais de alimentos. Se a fábrica está tomando cada vez mais o papel do consumidor na hora de espremer um suco, fazer uma compota de doce ou extrair molho de tomate, ela também deve investir no aproveitamento total das matérias-primas para que todos saiam ganhando.

Para saber mais, fonte: Agência FAPESP

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Boca da obesidade

Um estudo feito no Instituto Forsyth, em Boston, Estados Unidos, com participação brasileira, encontrou forte associação entre a ocorrência de obesidade e a bactéria Selenomonas noxia, encontrada na boca. A pesquisa, publicada no Journal of Dental Research, foi desenvolvida por Max Goodson com a participação do professor Francisco Carlos Groppo, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para o estudo, foram selecionados 313 pacientes saudáveis do sexo feminino, que apresentavam sobrepeso ou obesidade de nível 1 (circunferência de cintura entre 80 e 88 centímetros). Os resultados, de acordo com Groppo, apontaram um grau elevado da presença do microrganismo em mais de 90% das mulheres. “A bactéria foi encontrada em quantidade muito superior ao normal nas pessoas obesas, a tal ponto que seria possível identificar um indivíduo obeso simplesmente pela presença de certa concentração dessa bactéria em sua boca”, disse Groppo à Agência FAPESP. A contribuição de Groppo para o estudo começou durante seu pós-doutorado, realizado em Boston em 2002. Atualmente, o cientista recebe apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio a Pesquisa – Regular, com o projeto “Efeito da homeopatia e fitoterapia sobre parâmetros morfológicos em alveólo e glândulas salivares de ratos irradiados”. “Esse é o primeiro estudo que aponta uma bactéria da boca como tendo implicação na obesidade. Sabemos que várias outras doenças têm implicação direta com bactérias da boca”, explicou Groppo, que é pesquisador na área de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica da FOP. A bactéria Selenomonas noxia não depende de oxigênio para sobreviver e é frequentemente encontrada em pacientes com periodontite. “Ela não surge do nada. Para se fixar, precisa de condições especiais, que envolvem uma sequência de eventos distintos”, explicou. Apesar da descoberta, o pesquisador afirma que não é possível ainda tirar conclusões definitivas. “Não dá para saber se é a bactéria que causa a obesidade ou se a patologia é que provoca a alta concentração da bactéria”, disse. Curiosamente, segundo ele, a Selenomonas noxia é do mesmo grupo de microrganismos que, no passado, foram encontrados no intestino e estavam relacionados com a obesidade. “Além disso, ela está associada também a abortos”, disse. Segundo Groppo, o estudo poderá servir como indicador para caracterizar uma pessoa como obesa ou não. “Observando a concentração dessa bactéria, é possível diagnosticar se determinado indivíduo é obeso, tamanha a precisão na associação”, afirmou. O estudo permite levantar algumas hipóteses. “Talvez o organismo dos obesos possa gerar nutrientes específicos para essa bactéria, fazendo com que ela se multiplique além do normal. Também é possível que a bactéria produza substâncias químicas na boca que, uma vez absorvidas, poderiam aumentar a sensação de fome”, disse. O estudo continuará simultaneamente em Boston e em Piracicaba. “O professor Max Goodson vai estudar a evolução das bactérias nas crianças. E eu vou começar a fazer uma série de testes in vitro”, explicou. Groppo alerta para a necessidade de cuidados com a saúde bucal. “É preciso frisar para a população em geral a necessidade de procurar atendimento odontológico. Esse estudo é mais uma mostra de que a saúde começa pela boca”, disse.

Para saber mais, fonte: Agência FAPESP

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Corante que trata dano na medula produz camundongo azul

Um corante azul usado em doces ajuda a tratar ferimentos na medula espinhal, concluíram cientistas após estudos com camundongos. O tratamento - detalhado na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences - apresenta, no entanto, pelo menos um efeito colateral: os camundongos usados no estudo ficaram temporariamente azuis. Mudanças moleculares que ocorrem nas horas que sucedem o ferimento inicial podem causar danos ainda mais sérios à medula. Mas os pesquisadores da Universidade de Rochester, no Estado de Nova York, descobriram que esse processo pode ser interrompido ou minimizado com o uso do corante, conhecido como Azul Brilhante G (BBG, na sigla em inglês). ATP e receptor - Em estudos anteriores, a equipe da universidade já havia demonstrado que, logo após uma lesão na medula, moléculas de substância conhecida como ATP rapidamente inundam a área do ferimento. A ATP, ou trifosfato de adenosina, é uma fonte de energia vital para o organismo e mantém as células vivas, mas doses maciças da substância na região do ferimento matam neurônios saudáveis agravando a lesão. No ferimento, o ATP se liga a um receptor, o P2X7, e na presença desta união que ocorre a morte dos neurônios. O BBG age contra o P2X7, com a vantagem de poder ser administrado na forma de uma injeção padrão, longe do ferimento. Dose Alta - Os pesquisadores esperam que um dia seu trabalho possa ajudar a diminuir os riscos de paralisia após lesões na medula. Mas eles enfatizam que muitas pesquisas terão de ser feitas para que se chegue a um tratamento e acrescentam que esse tratamento só funcionaria se administrado logo após a lesão. "Não temos hoje um tratamento efetivo para pacientes que sofrem uma lesão aguda na coluna", disse o pesquisador Steven Goldman. "Nossa esperança é de que este trabalho leve a uma droga prática e segura que possa ser dada ao paciente logo após a lesão para evitar os danos secundários". O diretor de pesquisas da ONG britânica Spinal Research, que promove estudos sobre a medula, disse que o novo estudo pode ser promissor na busca de tratamentos de proteção para os neurônios saudáveis, evitando os danos secundários que ocorrem nas horas e dias que sucedem a lesão inicial na coluna. "O fato de que (o BBG) é um corante aprovado para uso em alimentos já parece ser um bom começo", disse Mark Bacon. "Mas as quantidades encontradas nos alimentos não nos fazem ficar azuis". Resta saber se, em doses maciças, o BBG apresentaria ou não efeitos colaterais perigosos.

Para saber mais, fonte: Ambiente Brasil

domingo, 8 de novembro de 2009

O outro lado da balança

A atividade física é capaz de restaurar a sensibilidade dos neurônios envolvidos no controle da saciedade, o que pode contribuir para a redução da ingestão alimentar e, consequentemente, do peso corporal. Essa é uma das conclusões de um estudo apresentado durante a 24ª Reunião Anual da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), realizada em Águas de Lindoia (SP) na semana passada. O trabalho aponta evidências de que mamíferos obesos apresentam falhas na transmissão de sinais em neurônios que controlam a saciedade. Essas falhas podem ser determinantes para a prevalência da obesidade. Até então se achava que o exercício físico aumentaria o gasto energético e que, apenas por isso, provocaria a diminuição do peso. O estudo, intitulado “Sistema nervoso central e o controle da ingestão alimentar: o papel do exercício físico”, foi realizado por Eduardo Rochete Ropelle, pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp) e do Instituto de Obesidade e Diabetes. “O papel do exercício pode ir além da simples queima de calorias. Pode causar uma melhora no sistema nervoso, controlando a saciedade e diminuindo o apetite. Em outras palavras, é possível que a atividade física controle o outro lado da balança”, disse Ropelle à Agência FAPESP. Devido ao grande número de pessoas interessadas, o trabalho de Ropelle foi apresentado em dois dias na reunião da Fesbe. O estudo, segundo o pesquisador, é um projeto paralelo ao seu doutorado, que tem apoio da FAPESP, intitulado “Caracterização da transmissão do sinal da insulina e da leptina no hipotálamo de ratos com tumor de Walker 256”. “O estudo sobre a atividade física está dentro da discussão da minha pesquisa – que trata do controle da ingestão alimentar –, mas no caminho inverso porque no doutorado abordo a anorexia promovida por pacientes com câncer”, explicou, ao destacar a contribuição do seu orientador José Barreto Campello Carvalheira, também da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. A base do trabalho envolve dados sobre a ação de certos hormônios, como a insulina e a leptina, sobre o cérebro. O sistema nervoso central é considerado a “caixa preta” do controle energético. O hipotálamo (que entre outras funções controla a temperatura corporal) é a principal estrutura do cérebro responsável pelo controle da ingestão alimentar. Segundo Ropelle, várias evidências indicam que dietas ricas em ácidos graxos saturados causam problemas na transmissão de alguns hormônios, como insulina e leptina, no sistema nervoso central. “Esses hormônios controlam a saciedade e, à medida que a pessoa ingere gordura em excesso, essa sinalização é perdida. Assim, alguns fenômenos intracelulares acontecem impedindo a ação hormonal”, explicou. Até agora se estimava que o gasto energético provocado pela atividade física seria a principal arma para combater e tratar a obesidade. “O que propomos é que, além de promover o gasto energético, o exercício físico também é capaz de modular esses hormônios no sistema nervoso central”, disse. A atividade física seria capaz de reverter esse fenômeno, possibilitando que o paciente volte a ter a transmissão do sinal para a saciedade. Nos testes feitos com animais obesos, submetidos a uma dieta rica em gordura, os hormônios perderam a capacidade de regular o apetite, ou seja, a obesidade envolveria um círculo vicioso comportamental: quanto mais se come, mais se quer comer. A atividade fez com que a sinalização do apetite no cérebro dos animais voltasse a níveis normais. Esse efeito durou de 12 a 16 horas. “Observamos que animais obesos submetidos à atividade física voltam a comer na mesma proporção que o animal magro. À medida que ele faz o exercício, parece que ele volta a entender a hora de parar, voltando a comer nos níveis considerados normais”, destacou. A pesquisa é inteiramente experimental e não foi testada em humanos. Algumas evidências, de acordo com o autor, mostram que em seres humanos o exercício físico é capaz de alterar o comportamento alimentar, mas a avaliação é mais complexa. “É muito difícil acompanhar e colocar um valor numérico no caso de testes em humanos, porque, ao colocar alguém para fazer atividade física e dizer a ele que vai controlar a ingestão alimentar, tira-se a condição natural. No animal, fica mais fácil e é um bom modelo metabólico de obesidade induzida por dieta”, disse. A explicação para a redução da ingestão alimentar e do peso corporal nos roedores submetidos à atividade física pode ser atribuída à interleucina-6, uma molécula produzida no hipotálamo em resposta ao exercício. De acordo com o estudo, o animal que faz exercício tem o nível de interleucina-6 aumentado no tecido hipotalâmico, sendo ela responsável por melhorar a sensibilidade de insulina e leptina. “Sabe-se que o prejuízo causado pela dieta na sinalização desses hormônios é mediado por um processo inflamatório. E a interleucina-6 é capaz de aumentar a expressão de uma outra proteína, a interleucina-10, sendo que, essa sim, tem uma atividade antiinflamatória”, disse Ropelle. Segundo o pesquisador, a atividade física pode ser benéfica para o “apetite dos obesos”. Haveria uma espécie de equilíbrio dinâmico para evitar tanto o acúmulo excessivo de energia quanto o gasto excessivo. Os resultados apresentados pelo estudo são inéditos na literatura científica, aponta Ropelle, e foram submetidos para publicação na revista Nature Neuroscience.

Para saber mais, fonte: Agência FAPESP

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Liraglutide pode ajudar obesos a perderem peso

O estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo pesquisou os efeitos do liraglutide sobre a perda de peso corporal e a tolerabilidade do medicamento nos indivíduos obesos sem diabetes tipo 2. Foi realizado um seguimento de 20 semanas, com a participação de 564 indivíduos (18-25 anos de idade, índice de massa corporal 30-40 kg/m²) os quais receberam de uma a quatro doses de liraglutide (1,2mg; 1,8mg;  2,4mg; 3,0mg) ou placebo (n=98), administradas uma vez ao dia por via oral, ou orlistat (120 mg, n=95), administrado 3 vezes ao dia por via oral. Todos os participantes reduziram 500 calorias na sua ingestão diária de energia e aumentaram a atividade física ao longo da pesquisa. Como resultados, os participantes em uso de liraglutide obtiveram a maior perda de peso, comparados àqueles em uso de placebo ou orlistat. A perda média de peso foi de 4,8kg; 5,5kg; 6,3kg ou 7,2kg com as doses de 1,2; 1,8; 2,4 ou 3,0mg de liraglutide, respectivamente. Com orlistat a média de perda de peso foi de 4,1kg. Com o placebo, 2,8kg. O liraglutide também reduziu a pressão arterial (com todas as doses usadas) e a prevalência de pré-diabetes. Náuseas e vômitos foram os principais efeitos colaterais, mais frequentes naqueles que usaram liraglutide, mas foram transitórios e raramente associaram-se à descontinuação do tratamento. O liraglutide mostrou reduzir o peso corporal de maneira significativa, melhorar certos fatores de risco relacionados à obesidade e reduzir o pré-diabetes.

Para saber mais (fonte): News.med.br

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Estudo aponta que imposto sobre refrigerantes reduz número de obesos

refrigerantes Um imposto de 1% a cada 30 gramas de refrigerante poderia frear a epidemia de  obesidade nos Estados Unidos e levar ao governo uma renda extra de US$ 15 bilhões por ano. Esse é o resultado de um estudo publicado no "New England Journal of Medicine". O presidente mundial da Coca-Cola, Muhtar Kent, reagiu à pesquisa. Para ele, todos os seus produtos são "saudáveis" e apenas exercícios físicos combaterão a obesidade. O debate em torno da taxa sobre calorias vem ganhando espaço nos EUA e Europa. Em Washington, o presidente Barack Obama insinuou que seria favorável à proposta. Em cidades europeias, restaurantes de fast-food poderão começar a ser taxados. No estudo publicado pelos maiores especialistas em obesidade nos EUA, o resultado de pesquisas em escolas de todo o país provou que a taxa teria resultados positivos para reduzir o consumo, além de financiar parte da reforma no sistema de saúde norte-americano - isso porque os gastos com pessoas obesas seriam reduzidos. "Isso seria ridículo", disse Kent. "Nunca funcionará uma política do governo dizendo o que devemos ou não comer. Temos uma linha de 400 marcas, todas saudáveis. O mais importante é a atividade física." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para saber mais, fonte: Ciência e Saúde

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sistema nervoso central e o controle da ingestão alimentar

halteres Ao contrário do que ainda se preconiza, os benefícios dos exercícios na redução de peso não se limitam apenas à queima de calorias. Segundo um estudo apresentado na reunião anual da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), que aconteceu recentemente, a atividade física também faz com que a ingestão de calorias diminua. O principal achado do trabalho foi que o exercício físico pode ser benéfico para o apetite dos obesos, pois há indícios de que haja uma espécie de equilíbrio dinâmico para evitar tanto o acúmulo excessivo de energia quanto o gasto excessivo. Segundo Eduardo Ropelle, pesquisador da Unicamp e do Instituto de Obesidade e Diabetes, esse equilíbrio vem sendo perdido com as dietas modernas. Os dados foram obtidos em laboratório com ratos e camundongos, e podem trazer esperança aos mais de 40% da população que sofre com sobrepeso ou com a obesidade, segundo Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. No trabalho, foi acompanhada a ação de hormônios como a insulina e a leptina sobre o cérebro, que atuam como sinalizadores químicos do organismo, alertando para a hora de parar de comer. Nos ratos obesos, o que se observou foi que na dieta rica em gordura, os hormônios perdem a capacidade de regular o apetite levando-os a um círculo vicioso comportamental no qual quanto mais se come, mais se quer comer. Mas com apenas uma sessão de exercícios físicos a sinalização do apetite no cérebro dos ratos voltou a níveis normais e se manteve por cerca de 12 horas. Estes resultados são inéditos na literatura científica e foram encaminhados para publicação na revista científica Nature Neuroscience. O trabalho também indica que a obesidade em mamíferos possa acarretar em falhas na transmissão de sinais em neurônios que controlam a saciedade, determinantes para a prevalência da obesidade. Portanto, adverte Ropelle, o exercício não é importante apenas para aumentar a queima de calorias, mas também para beneficiar o sistema nervoso, controlar a saciedade e diminuir o apetite. O estudo é parte do projeto de doutorado de Eduardo Ropelle, intitulado “Caracterização da transmissão do sinal da insulina e da leptina no hipotálamo de ratos com tumor de Walker 256”, sobre a anorexia promovida por pacientes com câncer. Por isso, o pesquisador tem estudado a ação no cérebro provocada por diferentes hormônios, como a insulina e a leptina. Segundo Ropelle, o hipotálamo, responsável entre outras funções pelo controle da temperatura corporal, é a principal estrutura do cérebro responsável pelo controle da ingestão alimentar. Várias evidências, afirma, indicam que dietas ricas em ácidos graxos saturados causam, no sistema nervoso central, problemas na transmissão de hormônios como a insulina ou a leptina. Felizmente, parece que a atividade física é capaz de reverter esse fenômeno, possibilitando que o paciente possa voltar a transmitir o sinal para a saciedade. Ainda neste estudo, verificou-se que animais obesos submetidos a uma dieta rica em gordura, apresentaram perda da capacidade de regular o apetite. A constatação sugere que a obesidade envolva um círculo vicioso comportamental em que quanto mais o indivíduo comer, mais vontade terá de comer. Porém, a partir do momento em que os animais foram submetidos a atividade física, a sinalização do apetite no cérebro voltou a níveis normais por 12 a 16 horas. Eles inclusive passaram a comer na mesma proporção que o animal magro. O estudioso adverte, no entanto, que esta pesquisa, inteiramente experimental, não foi testada em humanos. E também alerta para o fato que embora pareça que o exercício físico também seja capaz de alterar o comportamento alimentar, a avaliação nos humanos é mais complexa.

Para saber mais, fonte: Blog Ponto de Equilíbrio

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Carência tropical

Ao investigar a carência de vitamina D em moradores da cidade de São Paulo, uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com o Hospital Universitário, verificou que 77,4% dos analisados apresentavam o problema. Participaram 603 voluntários (118 homens e 485 mulheres) no estudo cujo objetivo foi estabelecer quais fatores estão associados à hipovitaminose D no organismo. A média registrada da vitamina foi de 21,4 ng/ml, bem abaixo da recomendada, que é de 30 ng/ml. A análise foi feita no fim do inverno, após um período em que a exposição à luz solar é menor. Meses depois, no fim do verão, retornaram para coleta de sangue 219 voluntários, dos quais 39 homens e 180 mulheres. Apesar da maior exposição à luz solar, e da consequente sintetização da vitamina no organismo, a pesquisa identificou a deficiência da vitamina D em 39,6% dos analisados. Apesar da redução, segundo Rosa Maria Affonso Moysés, médica e pesquisadora do Hospital das Clínicas da FMUSP e coordenadora do estudo, o número ainda foi muito elevado, considerando a latitude em que São Paulo se encontra e a comparação com cidades do hemisfério Norte. “Estamos em uma área subtropical e, por conta disso, imaginávamos que a exposição solar fosse suficiente para que não houvesse um número tão elevado de hipovitaminose”, disse. O estudo, intitulado “Determinação de níveis séricos de vitamina D em uma amostra de indivíduos saudáveis da população brasileira”, teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular e foi concluído este ano. Rosa coordena outros três projetos na mesma modalidade, iniciados em 2008 e 2009. A seleção dos voluntários incluiu pacientes de rotina do Hospital das Clínicas, funcionários da USP que realizam o exame médico anual e estudantes com idades entre 18 a 30 anos. “Os critérios de inclusão foram extremamente rígidos. Os pacientes não podiam ter doença renal ou cardíaca. O máximo que poderiam ter era diabetes e hipertensão controladas, ou seja, tratavam-se de pessoas estáveis do ponto de vista clínico”, disse à Agência FAPESP. O estudo apontou condições associadas à maior prevalência de hipovitaminose D, como idade, presença de hipertensão arterial, maior índice de massa corporal e cor de pele negra. “Também chamou a atenção que quanto mais idoso maior a prevalência. Mas, mesmo entre os jovens, até 30 anos, o índice foi muito elevado”, disse. Outro estudo, feito na Faculdade de Saúde Pública da USP, verificou a insuficiência da vitamina D entre os jovens. O trabalho foi feito por Bárbara Santarosa Emo Peters e orientado pela professora Lígia Araújo Martini, com apoio da FAPESP na modalidade Bolsa de Doutorado. O estudo avaliou a quantidade de vitamina D em 136 adolescentes em Indaiatuba, interior de São Paulo, e constatou que 62% tinham insuficiência da vitamina. Cerca de 90% da absorção da vitamina D se dá pela exposição à luz solar, com o restante sendo resultado da alimentação. Segundo o estudo, nenhum dos jovens que participou da pesquisa ingeria a quantidade recomendada de vitamina D. Alimentos como salmão, sardinha, leite e derivados (somente os integrais) possuem a vitamina. Por meio das entrevistas com os participantes, Bárbara percebeu que muitos não tomavam café da manhã para poder dormir um pouco mais antes de ir à escola. Quem tomava café da manhã todo dia ingeria quase o dobro de vitamina D do que quem não tomava. Os adolescentes que praticavam esportes ao ar livre também apresentaram maiores níveis da vitamina. O estudo de Bárbara foi premiado no 8º Congresso Iberoamericano de Osteologia e Metabolismo Mineral e ganhou o Young Investigator Award do The American Society for Bone and Mineral Research. Rosa Moysés lembra que portadores de doença renal apresentam prevalência alta de deficiência da vitamina D. Na nefrologia existe até mesmo uma área específica que estuda o metabolismo mineral nos indivíduos com problemas renais. “Por conta disso, resolvemos ampliar o estudo para pessoas consideradas saudáveis e observamos que a deficiência entre os portadores de doença renal já não é muito diferente da observada na população em geral”, disse. Outro resultado importante é que os voluntários com hipovitaminose apresentavam maiores níveis de paratormônio, hormônio responsável pela regulação dos níveis de cálcio no organismo. De acordo com a nefrologista, o alto índice desse hormônio é uma resposta à diminuição dos níveis de vitamina D. Todas as vezes que os níveis de cálcio caem há maior secreção de paratormônio. “Os efeitos dessa elevação a longo prazo não são totalmente conhecidos, mas pode haver um risco maior de desenvolvimento de osteoporose e de doenças cardiovasculares. Esses achados estão previamente associados ao que chamamos de hiperparatireoidismo secundário”, apontou. Diversos estudos recentes têm associado a deficiência da vitamina D a riscos de doenças, como hipertensão, gripe ou cardiovasculares. Uma das pesquisas, apresentada em setembro na 63ª Conferência de Pesquisa em Pressão Alta da Associação Norte-Americana do Coração, apontou que mulheres em pré-menopausa com insuficiência da vitamina em 1993 apresentaram risco três vezes maior de desenvolver hipertensão arterial sistólica 15 anos depois, em comparação com aquelas que tinham níveis normais. Por conta disso Rosa lembra que em alguns países, como Noruega, Finlândia, Dinamarca e Suécia, a reposição da vitamina D se tornou comum. “Se fizermos um estudo comparativo, certamente não vamos encontrar uma hipovitaminose tão alta quanto a nossa nesses países, porque já é parte da cultura deles usarem alimentos ricos em vitamina D ou suplementos”, disse. A pesquisadora conta que os dados da pesquisa estão sendo concluídos para publicação em revista. Diante dos resultados obtidos, o Departamento de Clínica Médica da FMUSP pretende fazer um estudo mais amplo, acompanhando os voluntários por um período maior e envolvendo outras áreas médicas para estudar os vários aspectos da deficiência da vitamina D. “Os resultados serão encaminhados para órgãos públicos para avaliação e eventual desenvolvimento de políticas públicas de suplementação ou fortificação alimentar com vitamina D, principalmente nas populações de risco, como idosos, obesos, não brancos e hipertensos”, adiantou Rosa.

Para saber mais, fonte: Agência FAPESP

domingo, 18 de outubro de 2009

Açúcar e gordura inibem saciedade e levam a comer mais

Você chega ao cinema, e a fome vem. Parece impossível não comprar o maior pacote de pipocas disponível. Assim como é difícil não se impressionar com o quanto foi possível comer nas duas horas de filme. Além do saco de pipocas, o copo gigante de refrigerante e chocolates podem ser devorados durante a sessão. É claro que a gulodice e o clima descontraído propiciam o exagero e ajudam a explicar o descontrole. Mas pesquisadores apontam mecanismos fisiológicos e características específicas de alguns alimentos que levam as pessoas a comerem (bem) mais do que deveriam, burlando os mecanismos que levam à sensação de saciedade. Os limites que devem ser impostos ao comensal para que pare de comer vão além da impressão de estômago cheio. Por isso, reconhecer os ingredientes que levam ao engano do organismo e não se deixar levar somente pela sensação de saciedade para encerrar uma refeição ou uma rodada de petiscos pode ser crucial para evitar ganho de peso indesejado ou prejuízos à saúde. Há várias tentativas nesse sentido para alertar glutões desavisados. Um livro lançado em abril nos EUA explica por que alguns alimentos não trazem sensação de saciedade quando ingeridos -e sim aquela fissura que faz parecer ser impossível comer um só. Chamado "The Skinny: On Losing Weight without Being Hungry" (o magro: perdendo peso sem passar fome; ed. Broadway Books), ele foi escrito por Louis Aronne, especialista em programas de controle de peso do New York Presbyterian Hospital, e ainda não foi lançado no Brasil. "É verdade que caloria é sempre caloria. Mas o que não é levado em conta é como algumas calorias afetarão o que as pessoas comerão depois", diz Aronne no livro, explicando por que alguns tipos de comida -independentemente do nível calórico- têm efeito maior no ganho de peso do que outros. O autor cita alimentos feitos de carboidratos refinados, ricos em açúcar e em gordura como os maiores enganadores da sensação de satisfação. Para Aronne, esses alimentos promovem resistência à saciedade, interferindo nas mensagens enviadas ao cérebro para que o organismo entenda que é hora de parar de comer. Uma pesquisa norte-americana divulgada no último mês no "Journal of Clinical Investigation" também aponta relações semelhantes. O estudo, realizado em ratos, mostrou que alimentos que contêm ácido palmítico (substância presente em produtos ricos em gorduras saturadas) alteram a excreção de insulina e de leptina, hormônios relacionados ao apetite e à saciedade. Nos animais, os efeitos desses alimentos gordurosos duraram por volta de três dias. Teoricamente, como argumentam os pesquisadores, isso pode até ajudar a explicar por que algumas pessoas se sentem mais famintas às segundas-feiras, já que a maioria abusa desses alimentos nos fins de semana. As descobertas sugerem que, quando se come algo rico em gordura, o cérebro é "atacado" pelo nutriente e se torna resistente à insulina e à leptina, fazendo com que a mensagem de satisfação não seja transmitida. "Não estamos dizendo para, necessariamente, evitar esse tipo de gordura, e sim que devemos ter uma exposição limitada a ele, não confiando na sensação de estômago cheio como um guia para parar de comer", disse à Folha Deborah Clegg, professora de clínica médica da UT Southwestern Medical Center (EUA) e autora principal da pesquisa. Alimentos preparados com bastante gordura também são mais agradáveis ao paladar, o que propicia uma maior ingestão desse tipo de comida. "Essas teorias fazem muito sentido, e é provável que tenhamos cada vez mais evidências sobre isso. Em geral, alimentos gordurosos e doces são altamente palatáveis", diz o endocrinologista Walmir Coutinho, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio. As gorduras também têm poder sacietógeno (de provocar saciedade) menor do que carboidratos e proteínas. Outros estudos recentes relacionam a excreção de grelina (outro hormônio relacionado ao apetite e à saciedade) e de leptina à ingestão de gorduras. "A quantidade de alimento e de calorias ingeridas em forma de gordura necessária para levar à produção desses hormônios que levam à saciedade acaba sendo muito maior", explica o endocrinologista Márcio Mancini, presidente da Abeso (Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica). Outra relação estabelecida entre o menor poder de saciação das gorduras é o fato de que, em geral, quando a alimentação é rica nesse elemento, também ocorre uma consequente baixa ingestão de fibras, item que ajuda na sensação de saciedade. A pesquisadora Ana Maria Lottenberg, nutricionista da disciplina de endocrinologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, estuda a ingestão de aveia e a ação das fibras do cereal nos mecanismos de regulação da grelina, para entender se a ação do alimento vai além do estômago cheio. "Quando ficamos algumas horas sem comer, os níveis de grelina sobem na circulação, estimulando o apetite. Alguns trabalhos sugerem que alimentos ricos em fibras, como a aveia, prolongam a queda da grelina, demorando mais tempo para subir de novo e mantendo a sensação de saciedade por mais tempo." O estudo, realizado com pacientes obesos do Hospital das Clínicas de São Paulo, ainda não tem resultados preliminares. No entanto, os voluntários dizem ficar mais saciados quando fazem uma dieta de baixa caloria acrescida de aveia, o que indica o maior poder de as fibras do cereal trazerem sensação de saciedade.

Para saber mais, fonte: Folha Online

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Comida de avião: embalagem deverá ter informações nutricionais

Informação As embalagens dos alimentos servidos pelas companhias aéreas nacionais e  internacionais que operam no país deverão conter informações nutricionais dos produtos. A medida foi divulgada ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que decidiu acatar a recomendação feita em julho passado pelo Ministério Público Federal (MPF). A agência se reunirá com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) e com a Associação Brasileira das Entidades de Comissárias Aéreas (Abeca) para definir quando e como será feita a fiscalização. Além do prazo de validade, os rótulos dos alimentos deverão especificar a quantidade de carboidratos, proteínas, teor de gorduras e sódio, valor energético e a presença de glúten. "A reunião tem o objetivo de traçar um cronograma para estabelecer quando a medida entrará em ação. Ela será cumprida pelas empresas, mas a data de quando começará a ser operacionalizada ainda não foi definida", afirma o procurador da República Thiago Lacerda Nobre, autor da recomendação. Caso as empresas decidam não imprimir as informações nas embalagens, o promotor afirma que tabelas de ingredientes, como cardápios ou até mesmo etiquetas poderão ser fixadas nos alimentos. "É uma solução temporária", diz Nobre. O não cumprimento da recomendação poderá acarretar em penalidades para as empresas aéreas. Por meio de sua assessoria, o SNEA diz que só irá se pronunciar após a reunião. A Abeca já se comprometeu a adotar a medida. As informações são do Jornal da Tarde.

Para mais informações, fonte: Ciência e Saúde

sábado, 10 de outubro de 2009

Gordura abaixo da pele da barriga não faz mal à saúde, conclui estudo

A gordura subcutânea da barriga, que fica logo abaixo da pele, não faz mal à saúde. É o que conclui uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), com mulheres obesas que passaram por cirurgia de redução do estômago (bariátrica). O estudo analisou o efeito o metabolismo das mulheres antes e depois de serem submetidas a cirurgia plástica na barriga para retirada de gordura, procedimento conhecido como dermolipectomia abdominal. Segundo a médica Vyvianne Azoubel Roizenblat, responsável por tese de doutorado sobre o tema, a cirurgia plástica não alterou de forma significativa o metabolismo das pacientes. Já a gordura visceral (que fica nas camadas profundas do abdome, em volta dos órgãos), essa sim tem conhecidos efeitos negativos para a saúde, como predisposição a desenvolver doenças cardiovasculares. Logo depois de uma cirurgia de redução do estômago, por causa da grande perda de peso, muitas mulheres ficam com uma sobra de pele na barriga. Muitas delas optam por uma cirurgia plástica para remover esse excesso. Vyvianne mediu a sensibilidade à insulina nessas mulheres antes e depois da cirurgia plástica abdominal. A insulina é o hormônio responsável pela redução da glicemia (taxa de glicose no sangue), pois promove o ingresso de glicose nas células. Ela também é essencial no consumo de carboidratos, na síntese de proteínas e no armazenamento de lipídios (gorduras). Entre as participantes do estudo, houve diferenças nos resultados de acordo com a idade. As mais jovens (até 36,6 anos) tiveram uma melhora na sensibilidade à insulina depois da plástica. As mais velhas (acima de 36,6 anos) tiveram uma piora. Segundo Vyvianne, algumas explicações para isso são que as mulheres mais velhas têm menos massa magra. Assim, captam menos glicose e, além disso, estão mais próximas da menopausa e por isso produzem menos estrógeno, hormônio sexual feminino que tem um papel protetor na resistência à insulina. Apesar de a gordura acumulada na barriga pelas mulheres que fazem cirurgia de redução do estômago não ter influência no metabolismo, ela tem outras consequências. Além do efeito estético, essa gordura pode acarretar doenças de pele, como micoses, e, em alguns casos atrapalha a visualização da genitália. "Essa cirurgia tem muita procura pelas mulheres que fazem cirurgia bariátrica e aumenta a qualidade de vida e a saúde dessas mulheres. Não posso afirmar que há uma melhora no metabolismo, mas posso dizer que não fará mal a elas", explicou a pesquisadora.

Para saber mais, fonte: Ciência e Saúde

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Obesidade na infância pode antecipar doenças cardíacas

A obesidade em crianças e adolescentes pode antecipar em até 20 anos o surgimento de doenças cardiovasculares, como enfarte e acidente vascular cerebral. A conclusão é de médicos do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), baseados na revisão de pesquisas realizadas sobre o assunto. A grande vilã é a aterosclerose, que se caracteriza pelo envelhecimento precoce das artérias. O processo resulta na perda da elasticidade e diminuição da espessura das artérias, o que provoca hipertensão. Em estágios avançados, pode levar à obstrução das vias de passagem do sangue, e, em consequência, ao enfarte ou AVC. "Comparamos os índices em adultos saudáveis e com adolescentes e crianças acima do peso", diz o cardiologista Wilson Salgado, médico assistente da unidade clínica do Incor. "O jovem obeso está com os mesmos índices de uma pessoa até 20 anos mais velha." Ou seja, um adolescente de 15 anos acima do peso tem as artérias tão comprometidas como a de um homem de 35 anos. O processo ocorre pela falta de exercícios físicos e uma dieta rica em gorduras e pobre em fibras e ácidos graxos (como o Ômega 3), que reduzem o colesterol bom. O médico Raul Dias dos Santos, do Incor, aponta outro problema causado pela obesidade: a síndrome metabólica, que resulta no aumento da pressão sanguínea, dos níveis de triglicérides e glicose no sangue. "A síndrome é uma bomba-relógio que pode causar precocemente o aparecimento de diabete e doenças do coração e dos vasos." Médica e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, Marcia de Castro Sebastião diz que os índices de obesidade em crianças e adolescentes têm aumentado - e hoje a doença atinge cerca de 30% dos jovens. Ela culpa os maus hábitos alimentares aliados à falta de exercício físico. "A maioria das crianças não toma café da manhã, vai para a escola e come frituras e bebe refrigerante." Ricos em gorduras e pobres em nutrientes, esses alimentos, assim como os doces, favorecem o ganho de peso. Vera Lúcia Barbosa, presidente do Instituto Movere, que atua na reeducação alimentar, diz que os pais contribuem para a má alimentação dos filhos. "Os pais não têm tempo para preparar um jantar adequado, daí apelam para o fast-food". As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

Para saber mais, fonte: Ciência e Saúde

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Impacto do álcool na adolescência

O abuso de bebidas alcóolicas na adolescência pode ter efeitos danosos no processo de tomada de decisão na vida adulta. A afirmação é de um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Na pesquisa, ratos adolescentes ingeriram boa quantidade de álcool inserido em gelatinas. O consumo se deu durante 20 dias do período de crescimento dos animais, que tinham entre 30 e 49 dias, fase correspondente à adolescência em humanos. Três semanas depois, os ratos foram colocados em um ambiente em que podiam escolher entre dois locais para se alimentar, ambos acionados por alavancas, um que tinha sempre duas balas de açúcar ou outro que poderia ter quatro balas ou nenhuma. O grupo deu preferência para a área de alimentação incerta. Um segundo grupo, que não ingeriu álcool, foi colocado em ambiente semelhante e os animais preferiam escolher o local em que sabiam que sempre haveria as duas balas. Os animais que ingeriram álcool na adolescência continuaram a optar pela incerteza na recompensa, mesmo quando as vezes em que eram colocadas mais balas diminuíram de 75% para 50% e, finalmente, para 25% do total. Ou seja, ainda que em apenas uma a cada quatro vezes o alimentador oferecesse mais balas, os ratos continuavam a optar por pressionar tal alavanca. O resultado é que os animais do outro grupo se alimentaram constantemente e melhor. O objetivo do estudo, que teve apoio financeiro dos institutos nacionais de Abuso de Drogas e de Abuso de Álcool e Alcoolismo do governo norte-americano, foi verificar se o consumo de álcool em níveis elevados durante a adolescência poderia afetar futuramente as áreas no cérebro envolvidas no processo de decisão. De acordo com os autores, os animais que consumiram álcool enquanto jovens se mostraram mais propensos a tomar decisões arriscadas do que os demais. O teste de recompensa, com a alimentação constante e com a desconhecida, foi repetido quando os animais atingiram os três meses de vida, com resultados semelhantes. “Sabemos que a exposição precoce ao álcool e outras substâncias é um indicador de posterior abuso químico em humanos. É um conceito novo pensar que a exposição na adolescência pode ter efeitos cognitivos de longo prazo, mas não podemos testar isso em pessoas”, disse Nicholas Nasrallah, um dos autores do estudo. “Mas nosso modelo, que envolveu o uso de ratos, corrobora a relação causal entre o uso precoce do álcool e o posterior aumento nas tomadas de decisões arriscadas”, afirmou. “O modelo animal que utilizamos permite estabelecer essa relação. Estudos apontam que regiões do cérebro, incluindo aquelas envolvidas na tomada de decisões, demoram para se desenvolver e o processo se alastra pela adolescência. Nosso estudo indica que as estruturas envolvidas nesse desenvolvimento tardio são afetadas pelo abuso do álcool”, disse Ilene Bernstein, professora de psicologia da Universidade de Washington, outra autora do estudo.

Para saber mais, fonte: Agência FAPESP

domingo, 20 de setembro de 2009

Molécula contra diabetes e obesidade

Mais de 180 milhões de pessoas em todo o mundo têm diabetes tipo 2, a forma mais comum da doença. E o total continua crescendo em um nível alarmante, o que tem levado centros de pesquisa em diversos países a tentar encontrar alternativas de combate ao problema, que tem entre seus principais fatores de risco a obesidade. Um grupo internacional de pesquisadores acaba de apresentar um potencial candidato: a proteína TGR5. Os cientistas descobriram que sua ativação é capaz de reduzir o ganho de peso e de tratar o diabetes. O estudo foi publicado na revista Cell Metabolism. Um trabalho anterior do mesmo grupo demonstrou que ácidos biliares (produzidos no fígado e que quebram as gorduras), por meio da ativação da TGR5 em tecidos musculares e adiposos marrom, foram capazes de aumentar o gasto de energia e de prevenir, ou até mesmo de reverter, obesidade induzida em camundongos. No novo estudo, o grupo coordenado pelos professores Kristina Schoonjans e Johan Auwerx, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, examinou o papel da TGR5 no intestino, onde essa proteína é expressada em células especializadas na produção de hormônios. Os pesquisadores observaram que essas células, chamadas de células enteroendócrinas TGR5, controlam a secreção do hormônio GLP-1, que tem papel crítico no controle da função pancreática e na regulação dos níveis de açúcar no sangue. Kristina e Auwerx trabalharam em conjunto com Roberto Pellicciari, da Universidade de Perugia, na Itália, que desenvolveu um ativador para a TGR5, chamado de INT-777, em colaboração com a empresa Intercept Pharmaceuticals, dos Estados Unidos. O grupo demonstrou que – em testes condições laboratoriais em camundongos – a TGR5 pode efetivamente tratar o diabetes e reduzir a massa corporal. Os autores também mostraram que esses efeitos estavam relacionados ao aumento tanto da secreção da GLP-1 como do gasto energético. Segundo os pesquisadores, os resultados apontam para uma nova abordagem no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade. A alternativa proposta é baseada no aumento da secreção de GLP-1 por meio da administração do ativador da TGR5.

Para saber mais, fonte: Agência FAPESP

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Gordura reprograma genes ligados ao diabetes

Um gene que ajuda as células do músculo a queimar gordura pode ser radicalmente alterado e desligado se as células que o possuem são expostas a gordura. A descoberta, divulgada na revista "Cell Metabolism", sugere que o mesmo processo pode ocorrer quando pessoas comem "junk food" demais, com excesso de gordura, o que resulta em mudanças drásticas para este gene "queimador" dela. "De alguma forma, o ambiente joga com os genes que nós temos", diz a líder do grupo de pesquisa, Juleen Zierath, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, Suécia. Ela diz que as descobertas de sua equipe fornecem novas pistas para mostrar como isto acontece, e podem ajudar a explicar como o diabetes tipo 2 se desenvolve na idade adulta. Uma possibilidade, ela diz, é que as células alteradas se tornam tão cheias de gordura não queimada que elas se tornam "diabéticas", e não aceitam mais sinais do hormônio insulina, o que normalmente deveria ativar a absorção de glicose da corrente sanguínea. Mas a prova de que componentes na dieta podem permanentemente alterar genes é ela mesma um avanço, fornecendo a primeira evidência de que a comida que comemos pode mudar a função de nosso DNA. Este é um processo conhecido como "epigenética". Neste estudo, o DNA em si permanece inalterado, exceto por um processo-máscara chamado "metilação", que pode permanentemente desativar um gene ao "tampar" unidades químicas individuais. Anteriormente, no mesmo grupo de experimentos, os pesquisadores descobriram que células musculares de pessoas com diabetes tipo 2 já mostraram estas reveladoras alterações epigenéticas em seu DNA. Isto ocorreu particularmente no gene PGC-1, que orquestra programas metabólicos críticos com a queima de gordura na mitocôndria, a câmara de geração de energia celular. Por outro lado, as células musculares saudáveis de não diabéticos funcionaram normalmente. O resultado mais importante veio quando um membro da equipe, Romain Barrés, expôs as células musculares saudáveis ao ácido palmítico, gorduroso e comestível. Ele descobriu que o gene PGC-1 se tornou "metilado", como acontece nas pessoas com diabetes. "O ácido palmítico essencialmente desativa o gene", diz Zierath. O mesmo aconteceu com a exposição ao fator de necrose tumoral-alfa, uma substância produzida por glóbulos brancos para ajudar a combater a infecção.

Para saber mais, fonte: Folha Online

sábado, 12 de setembro de 2009

Vinho pode ajudar a manter o fígado saudável

vinho Relatos recentes sugerem que o vinho tinto é uma poderosa arma para aumentar a expectativa de vida, e um novo estudo oferece notícias ainda melhores para os bebedores de vinho. Um copo por dia, seja do branco ou do tinto, pode reduzir o risco de se desenvolver a doença de fígado mais comum nos EUA, o fígado gorduroso não-alcoólico. Pesquisadores estudaram 7.211 não-bebedores, e 3.598 pessoas que beberam um copo diário de vinho, cerveja ou bebida destilada, testando-os em busca de níveis sangüíneos elevados e de alanino aminotransferase, ou ALT, uma taxa que indica os danos no fígado. Eles descobriram níveis acima do normal em 3,2% dos não bebedores, em 3,5% dos bebedores de cerveja e em 2,3% dos bebedores diários de destilados fortes. Mas entre aqueles que beberam um copo de vinho por dia, a taxa ficou na média de apenas 0,4%. Mesmo depois dos ajustes por outros fatores de risco, a associação entre beber vinho modestamente e os níveis mais baixos de ALT no sangue persistiram. Os autores, escrevendo na edição de junho de "Hepatology", sugerem que os componentes não-alcoólicos do vinho podem ser os responsáveis pela  descoberta. "Enquanto um copo por dia parece ajudar, esses dados não apóiam o uso de maiores quantidades de álcool", diz o Dr. Jeffrey B. Schwimmer, autor e professor-associado de gastroenterologia da Universidade da Califórnia, em San Diego.

Para saber mais, fonte: Ciência e Saúde

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Consciência Amarga

Um estudo feito na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, com 120 pacientes com diabetes tipo 2 indica que, apesar de consumir produtos diet e light com frequência, mais da metade não sabe a diferença entre os dois tipos de produtos, não tem o hábito de ler o rótulo desses alimentos e também não controla a quantidade ingerida. Entre os pacientes entrevistados (60 homens e 60 mulheres), todos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a média de idade era de 63 anos e 83,3% tinham sobrepeso ou obesidade. Os dados foram obtidos por meio de um questionário envolvendo variáveis sociodemográficas, hábitos de vida, história da doença e consumo de produtos dietéticos e adoçantes. A amostra foi composta principalmente por indivíduos com baixa escolaridade. A nutricionista Paula Barbosa de Oliveira, autora do estudo feito como dissertação de mestrado defendida no Programa Saúde na Comunidade, da USP, com orientação do professor Laércio Joel Franco, alerta que o consumo excessivo desses produtos pode interferir no controle glicêmico e trazer prejuízos para a saúde dos pacientes. Os alimentos diet são isentos de certos nutrientes encontrados no produto convencional, como açúcar, sódio ou gordura, e são elaborados para pessoas com exigências específicas, enquanto o light apresenta uma redução de, no mínimo, 25% do valor energético total ou de algum nutriente presente no produto convencional. “O estudo conclui que informações sobre o uso adequado de adoçantes e produtos dietéticos é uma necessidade nas atividades assistenciais aos pacientes com diabetes, nos diversos níveis do SUS”, disse Paula à Agência FAPESP. Como os indivíduos com diabetes precisam restringir a ingestão de açúcar, segundo ela o uso desses produtos pode suprir o desejo pelo sabor doce sem alterar a glicemia. “O uso consciente e adequado desses produtos pode restringir o uso de açúcar, facilitar a adesão ao tratamento e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Verificamos, por exemplo, que apenas 41% dos pacientes têm o hábito de ler os rótulos dos produtos”, disse. O trabalho indicou ainda que, embora não tenham sido observadas diferenças significativas entre homens e mulheres com relação à ingestão de produtos diet e light, os idosos consomem menos açúcares quando comparados com os adultos. “Em resumo, apesar de usar menos açúcar, os idosos são os maiores consumidores de adoçantes entre todas as faixas etárias, enquanto as mulheres usam mais o adoçante fora de casa e se dizem mais preocupadas com a quantidade utilizada do que os homens”, disse Paula. A nutricionista destaca que para obter um bom controle metabólico a educação alimentar é um dos pontos fundamentais no tratamento do diabetes, que atualmente apresenta impacto considerável como problema de saúde pública, pela morbidade, mortalidade e altos custos de seu tratamento. Segundo ela, o uso de adoçantes e alimentos dietéticos é importante para as pessoas com diabetes, apesar de serem dispensáveis na alimentação. “Esse setor tem crescido muito nos últimos anos e, atualmente, 35% dos lares brasileiros consomem algum tipo de produto light ou diet, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos”, disse. “As estimativas são de que o número de pessoas com diabetes do tipo 2 no mundo passará dos cerca de 135 milhões, em 1995, para 300 milhões em 2025”, apontou.

Para saber mais, fonte: Agência FAPESP

domingo, 6 de setembro de 2009

Problema de peso

Mais da metade dos idosos no Estado de São Paulo estão com sobrepeso, de acordo com pesquisa feita pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. O trabalho foi feito entre 2007 e 2008 e avaliou 5.957 pacientes acima dos 60 anos que passaram por atendimento no Sistema Único de Saúde. O resultado apontou que 52% estavam acima do peso considerado ideal. O levantamento apontou também que a obesidade é ainda maior entre as mulheres: 55,9%, contra 44,6% dos homens. Segundo a Secretaria da Saúde, alguns fatores, como sedentarismo, problemas hormonais e má alimentação, explicam os resultados, mas é preciso ficar alerta. O sobrepeso pode causar problemas como hipertensão, acidente vascular cerebral, infarto, incapacidade de movimentação, diabetes, entre outros problemas. “São dados preocupantes e que exigem uma atenção redobrada desses idosos. Descuidar da alimentação ou adotar um hábito de vida sedentário colaboraram e muito para a obesidade. É preciso lembrar também que, após os 60 anos, o metabolismo fica cada vez mais lento, o que dificulta a perda de peso”, disse África Isabel Neumann, nutricionista da Divisão de Doenças Cônicas da Secretaria. Adotar ações simples podem ajudar os idosos a evitar a obesidade. É importante adotar uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras e legumes, praticar alguma atividade física, evitar alimentos gordurosos e beber bastante água durante o dia. Medidas como essas ajudam a ter uma vida com mais qualidade e saúde.

Para saber mais, fonte: Agência Fapesp

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Suplemento ajuda pacientes a controlar a fenilcetonúria

Cerca de 120 bebês nascem por ano no Brasil com fenilcetonúria. De origem genética, a fenilcetonúria se caracteriza pela dificuldade em metabolizar o aminoácido fenilalanina, substância abundante em alimentos de origem animal. "Se o diagnóstico e o tratamento forem precoces, a criança se desenvolve sem deficiência. Os primeiros três meses são decisivos", garante a pediatra Paula Vargas, do Programa Nacional de Triagem Neonatal do Ministério da Saúde. O Teste do Pezinho, aplicado após o nascimento, pode detectar a fenilcetonúria e outras doenças. Se não for controlada, provoca deficiência mental progressiva, deterioração neurológica e quadros de autismo. Em 2001, o Ministério da Saúde decidiu reavaliar a triagem neonatal via Sistema Único de Saúde (SUS) e ofertar acompanhamento especializado para as doenças detectadas. Um suplemento indicada a portadores de fenilcetonúria, por exemplo, passou a ser distribuída gratuitamente. O novo desafio do governo é estimular uma adesão prolongada ao tratamento. "Apesar de a terapia ser subsidiada pelo governo, cerca de 70% dos pacientes desistem de controlar a doença na adolescência", lamenta a pediatra do Ministério da Saúde. Antes da distribuição gratuita do suplemento, gastava-se cerca de 100 dólares por lata do produto. "Uma criança de dez anos consome, em média, cinco latas por mês", completa a médica. Segundo a nutricionista Maria Efigênia de Queiroz, do Serviço de Referência de Triagem Neonatal da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), os pacientes com fenilcetonúria devem seguir uma dieta acompanhada regularmente para a detecção de deficiências nutricionais ou suas complicações, como anemia ferropriva e osteoporose. "É um tratamento para a vida toda", orienta. Na opinião da psicóloga da APAE Leila Maria Evangelista, fatores socioambientais interferem na adesão ao tratamento. "A adolescência é uma fase de transformações, questionamentos, atitudes desafiadoras e descrença nas conseqüências da doença. O jovem não quer ser diferente dos amigos, por isso tende a resistir em seguir as recomendações da equipe", afirma Leila.

Para saber mais, fonte: Ciência e Saúde

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Evite os sucos de frutas se você tende a sofrer com diabetes tipo 2

sucodefruta  Eles sempre foram associados a hábitos de vida saudáveis. Mas, no caso das mulheres que têm propensão a desenvolver diabetes tipo 2, a história é diferente: os sucos de frutas aumentam em 18% os riscos de a doença aparecer (enquanto o consumo da fruta em si diminui este risco nos mesmos 18%). A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Saúde Pública de Tulane (Estados Unidos), após acompanhar a rotina alimentar de mais de 71 mil mulheres, todas com mais de 18 anos e com histórico médico favorável ao diabetes tipo 2. As participantes da pesquisa foram divididas em três grupos: um deles consumia três frutas diariamente; outro consumiu porções fartas de vegetais verdes (como couve e repolho), enquanto o terceiro incluiu apenas os sucos naturais na dieta. A ingestão dos vegetais também ajudou na prevenção da doença, diminuindo os riscos em 9%. Segundo o estudo, a explicação para o efeito causado pelos sucos está na alta concentração de açúcar deles (afinal, são necessárias várias frutas para fazer um copo da bebida) e na forma líquida, que facilita a absorção pelo organismo, fazendo os níveis de glicose subirem mais rapidamente. O consumo de fibras é uma das estratégias usadas no controle do diabetes , afirma a nutricionista do Minha Vida, Roberta Stella. Isso retarda a digestão, fazendo com que os níveis de glicose subam gradualmente, sem os picos de insulina . No caso do diabetes tipo 2, este hormônio é produzido em excesso pelo pâncreas, mas não consegue ser metabolizado pelas células. Resultado: glicose abundante, circulando no sangue. De acordo com a SociedadeBrasileira de Diabetes, a doença é cerca de 8 a 10 vezes mais comum do que o tipo 1 e pode responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de medicamentos orais e, por fim, a combinação destes com a insulina. Os principais sintomas do diabetes tipo 2 são infecções freqüentes; alteração visual (visão embaçada); dificuldade na cicatrização de feridas; formigamento nos pés e furunculose.

Fonte: Minha Vida

domingo, 30 de agosto de 2009

Suco com soja tem baixo teor de composto benéfico

sojaUma pesquisa feita na Universidade de São Paulo constatou que a quantidade de isoflavonas nas bebidas à base de soja contendo suco de frutas é muito pequena. Por outro lado, bebidas que não possuem suco - puras ou com aromatizantes sabor morango ou chocolate, por exemplo - podem ser uma boa fonte dessas substâncias. "As isoflavonas são uma classe de compostos extensivamente estudada até o momento e que parece relacionar-se com a redução de risco de doenças crônicas não transmissíveis", diz a nutricionista Kátia Callou, autora do estudo. Vários artigos associam o consumo de isoflavonas à queda na incidência de tumores, de doenças cardiovasculares e de osteoporose, entre outros. Com estrutura química parecida à do estrógeno, elas se ligam a receptores no organismo produzindo um efeito similar ao do hormônio humano, porém muito mais fraco. Por isso, muitos trabalhos também têm apontado benefícios da ingestão desses compostos na redução dos sintomas da menopausa, como os fogachos. "A soja é a principal fonte desses compostos, e os brasileiros não têm hábito de consumir esse alimento", afirma Callou. Para chegar aos resultados, foram avaliadas 65 amostras de bebidas disponíveis comercialmente, de doze marcas. As amostras foram divididas em quatro grupos: com suco de frutas, sem adição de suco, feitas à base de extrato de soja (conhecido popularmente como leite) ou do isolado proteico de soja -a forma mais refinada encontrada no mercado, contendo 90% de proteína. A quantidade de proteína encontrada nas bebidas correspondeu ao informado no rótulo. "O teor de isoflavonas foi relacionado à quantidade de proteína", diz Callou. Houve ampla variação de isoflavonas entre as bebidas, mas, de modo geral, a pesquisa mostrou que, quanto maior a quantidade de proteína, maior a de isoflavonas. As bebidas feitas com o isolado proteico da soja tenderam a apresentar menores taxas de isoflavonas do que aquelas que utilizam o extrato. No rótulo dos produtos, é possível saber a forma utilizada. "A quantidade desses compostos é afetada por vários fatores, desde as condições ambientais do plantio até o processamento", conta Callou. As conclusões do estudo apontam que o consumo de 300 ml de bebida sem suco, à base de extrato, pode resultar em uma ingestão de 20 mg de isoflavonas, o que equivale ao consumo diário dos coreanos, que consomem soja rotineiramente. "Essas bebidas podem representar uma fonte importante de isoflavonas para nossa dieta", diz a autora da pesquisa. Para atingir a mesma quantidade tomando bebidas com suco, seriam necessários quase dois litros -o teor médio de isoflavonas ficou em cerca de 2 mg. Em alguns casos, a quantidade desses compostos não chegou a 1 mg. As quantidades diárias benéficas de isoflavonas não são bem estabelecidas. "Diversos estudos indicam o mesmo teor recomendado pela FDA (agência americana que regulamenta alimentos e remédios), que é de 40 mg a 60 mg de isoflavonas por dia", orienta a nutróloga Eliana Vellozo, da Universidade Federal de São Paulo. "Mas é preciso lembrar que, para serem absorvidas pelo organismo, as isoflavonas têm que ser decompostas pelas bactérias no intestino. Uma alimentação rica em verduras, legumes e frutas e pobre em gorduras proporciona melhores efeitos", ressalta Vellozo. Em relação à ingestão de proteínas de soja, a FDA e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendam o consumo diário de 25 g para ajudar a reduzir o colesterol e o risco de doenças cardiovasculares. Isso corresponde, aproximadamente, a cinco copos (ou um litro) de bebidas sabor original ou chocolate. "Mas isso nem é recomendado, pois pode desequilibrar a dieta", alerta a nutricionista Kátia Callou. O ideal é consumir outras fontes de proteína de soja, como o alimento puro. Para atingir essa quantidade tomando bebidas com suco, seria necessário ingerir praticamente o dobro. Mas há estudos que sugerem que uma quantidade menor já surte efeito. Uma pesquisa com cerca de 3.000 mulheres mostrou que aquelas que consumiram aproximadamente 11 g de proteína de soja ao dia tiveram uma chance 50% menor de desenvolver câncer de mama. "De acordo com esse estudo, efeitos benéficos à saúde poderiam ser atingidos com o consumo de 400 ml de bebidas de soja sabor original ou aromatizadas", afirma Callou. Já as bebidas com suco de frutas levaram vantagem na capacidade antioxidante. "O efeito foi maior provavelmente porque essas bebidas têm adição de antioxidantes como a vitamina C", diz Callou.

Para saber mais, fonte: Ambiente Brasil

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Anvisa proíbe aromatizantes e corantes em bebidas alcoólicas

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu na terça-feira o uso de aromatizantes sintéticos e de corantes em licores, aperitivos e bebidas mistas, derivados da uva e do vinho, com teor alcoólico de até 15%. De acordo com a diretora da Anvisa, Maria Cecília Brito, a medida visa a evitar que o consumidor seja induzido ao engano. Ela explica que corantes e aromatizantes, em bebidas derivadas da uva e do vinho, permitem que licores, aperitivos e coquetéis fiquem com aspecto muito semelhante com o do vinho. A nova regulamentação da Anvisa é baseada em estudos internacionais sobre o uso de aditivos alimentares (substâncias adicionadas intencionalmente aos alimentos para modificar características químicas, físicas ou sensoriais, a fim de exercer uma função tecnológica). Além disso, a Anvisa segue um documento chamado Lista Geral Harmonizada de Aditivos do Mercosul, segundo o qual há referência pelo Brasil e demais países do bloco para a aprovação do uso de aditivos. Um dos itens afirma que somente substâncias constantes nessa lista podem ser autorizados para uso em alimentos no País.

Para saber mais, fonte: Ciência e Saúde

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Dieta contra o esquecimento

azeite

Se você, caro leitor, está fora de forma, saiba que este não é o único motivo para  começar uma dieta. Um estudo alemão publicado na revista PNAS comprova que o corte no consumo de calorias é capaz de aumentar a memória de idosos, além de gerar significativa perda de peso e redução no índice de massa corporal. A pesquisa confirma resultados de estudos anteriores feitos com ratos. Testes haviam mostrado que dietas pobres em calorias e ricas em ácidos graxos insaturados – como os encontrados no azeite de oliva e em peixes – ajudaram a melhorar o desempenho da memória dos animais no envelhecimento. Para verificar se os mesmos efeitos ocorrem em humanos, pesquisadores da Universidade de Münster, na Alemanha, selecionaram 50 idosos saudáveis (21 homens e 29 mulheres), com idade média de cerca de 60 anos, alguns com peso normal e outros em excesso. Os participantes foram divididos em três grupos. Para o primeiro, foi prescrita uma restrição no consumo de calorias de até 30%. O segundo foi submetido a um aumento no consumo de ácidos graxos insaturados de até 20%, sem que a ingestão de gorduras totais fosse alterada. O terceiro não sofreu alterações na dieta. Antes das intervenções alimentares e três meses depois, os pesquisadores avaliaram a função cognitiva dos indivíduos. "Encontramos um aumento significativo dos registros de memória verbal após a restrição calórica", relatam no artigo. Os outros dois grupos não mostraram mudanças significativas na memória. Segundo os pesquisadores, esse aumento no desempenho da memória está relacionado com uma redução da atividade inflamatória e quedas nos níveis de insulina e da proteína C-reativa – que foram mais pronunciadas em indivíduos com melhor adesão à dieta. Os resultados apontam um caminho para a investigação do papel da insulina e de inflamações no declínio cognitivo relacionado ao envelhecimento. "Nosso estudo pode ajudar a gerar novas estratégias de prevenção para manter as funções cognitivas na velhice", acreditam os pesquisadores.

Para saber mais (fonte): Ciência Hoje

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Pesquisadora desenvolve gordura com baixo teor de isômeros trans

Pesquisa de doutorado desenvolvida por Denise F. S. Becker de Almeida, apresentada ao Departamento de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, sob orientação da professora Lireny Aparecida Guaraldo Gonçalves, permitiu obter gorduras com baixo teor de isômeros trans e que poderá ser utilizada em margarinas, bolos e outros alimentos que contêm gorduras em sua formulação. As descobertas e a conscientização dos malefícios causados pelas gorduras com elevado teor de isômeros trans têm levado os governantes a tomarem medidas cada vez mais restritivas sobre seu uso, pressionando as indústrias alimentícias na procura de alternativas para sua substituição. É sabido que as gorduras são responsáveis por certos atributos sensoriais conferidos aos alimentos que agradam aos consumidores. Enquanto vários países adotam iniciativas para restringir o consumo de gorduras trans e até programam sua definitiva exclusão dos alimentos, a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) alega que há falta de opções para substituir esse tipo de gordura, embora utilize como atenuante a justificativa de que pesquisas vêm sendo desenvolvidas para solucionar o problema. A grande maioria dos óleos vegetais naturais apresenta aplicações limitadas em razão de suas composições químicas específicas. Para ampliar o seu uso, os óleos são modificados quimicamente pela hidrogenação ou interesterificação, ou fisicamente pelo fracionamento, produzindo as gorduras semi-sólidas. Os isômeros trans presentes na dieta são oriundos principalmente das gorduras parcialmente hidrogenadas. Os óleos vegetais parcialmente hidrogenados – margarinas e gorduras comestíveis (shortenings) – são amplamente utilizados como matérias-primas de numerosos produtos comestíveis, levando os isômeros trans para uma grande variedade de alimentos. A partir da década de 80, os componentes trans se transformaram nos vilões das gorduras quando se descobriu que contribuem para o aumento do colesterol total e ruim e diminuição do colesterol bom, constituindo um fator de risco para problemas cardiovasculares, além de não trazerem nenhum benéfico alimentar. Uma estratégia para reduzir ou eliminar o conteúdo de trans nas gorduras é a mistura de óleos totalmente hidrogenados – sem nenhum isômero trans –, com óleos líquidos não hidrogenados, naturalmente sem isômeros trans. A dureza e espalhabilidade dos produtos devem ser ajustadas variando a proporção de sólidos e líquidos na mistura. Outra possibilidade seria a interesterificação de gordura totalmente hidrogenada com óleos líquidos, utilizando catalisadores químicos ou enzimas. Os maiores teores de gorduras trans se encontram em alimentos industrializados como biscoitos, batatas fritas, pipocas de microondas, chocolates, sorvetes, salgadinhos de pacote, pastéis, tortas, bolos e alimentos que ainda utilizam gorduras parcialmente hidrogenadas nas receitas. As indústrias alimentícias as utilizam porque contribuem para a consistência, crocância e sabor. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, em 2006, que todos os alimentos comercializados deveriam expressar em sua rotulagem nutricional a declaração dos ácidos graxos trans em relação à porção do alimento  – 1 fatia, 1 colher de sopa, 200 mL – em conjunto com as declarações para gorduras totais e saturadas. São considerados como zero trans os alimentos que apresentarem teores de gorduras trans menores ou iguais a 0,2 g/porção. Estes fatos justificam o estudo desenvolvido por Denise, que contemplou a elaboração de novas gorduras a partir de fontes oleosas disponíveis e viáveis economicamente no Brasil – óleos de soja, algodão e gordura de palma totalmente hidrogenada. O objetivo foi promover a interesterificação química de diferentes frações da gordura totalmente hidrogenada com os óleos líquidos específicos, a fim de se obter novas gorduras com baixo teor de isômeros trans e com melhor performance para aplicação na indústria alimentícia. Considerando que a indústria utiliza gorduras que conferem aos produtos melhor textura, volume e propriedades sensoriais apreciadas pelo consumidor, a pesquisadora realizou um estudo comparando o desempenho das gorduras low trans, com gorduras parcialmente hidrogenadas ricas em isômeros trans empregadas industrialmente. O objetivo do trabalho não foi apenas produzir gorduras com baixo teor de isômeros trans – low trans – para aplicação alimentícia. Propunha-se também caracterizar essas gorduras quanto às suas propriedades físico-químicas, aplicar técnicas analíticas apropriadas que permitissem o monitoramento de suas composições, selecionar aquelas gorduras que se mostrassem aplicáveis e, então, aplicá-las na elaboração de um produto que pudesse ser comparado com produtos high trans e avaliado quanto às suas propriedades reológicas – textura, volume e cor – e sensoriais. Os estudos levaram Denise a concluir que as fontes oleaginosas utilizadas – óleos de soja, de algodão, gordura de palma totalmente hidrogenada – permitem a elaboração de gorduras low trans com propriedades plásticas adequadas quando comparadas com aquelas de alto teor trans – high trans – tradicionalmente utilizadas. As gorduras desenvolvidas mostraram-se adequadas para aplicação em margarinas e panificação. O bolo inglês foi o produto escolhido para avaliar comparativamente as gorduras low trans desenvolvidas com bolos produzidos com gordura comercial parcialmente hidrogenada high trans. Quando avaliados instrumentalmente, a textura, o volume e a cor dos bolos não apresentaram diferença significativa. Porém, a avaliação sensorial com consumidores revelou diferenças quanto à textura e sabor. Por sua vez, as técnicas analíticas empregadas mostraram-se adequadas ao monitoramento das características físico-químicas das gorduras. Denise considera que a proposta foi cumprida, pois ela partiu da matéria-prima, desenvolveu e caracterizou uma nova gordura, avaliou a aplicação em produto alimentício, chegando ao final da cadeia com a realização de teste sensorial junto ao consumidor. Segundo ela, os resultados mostraram que não basta substituir a gordura trans pela nova gordura. Faz-se necessário investir em modificações nas formulações, nas condições de processamento e na utilização de aditivos apropriados. Isto quer dizer que todas as alterações observadas na nova gordura em relação às que possuem isômeros trans podem ter seus efeitos contornados. As gorduras de origem vegetal são obtidas a partir de óleos vegetais – soja, algodão, milho, girassol, canola – que devem sofrer modificação para se tornarem adequados ao consumo e aplicações. Nesse processo, quando os óleos refinados são parcialmente hidrogenados, há formação de isômeros trans que não existiam inicialmente na matéria-prima, provocada pelas condições de reação (pressão e temperatura). Para a obtenção das gorduras vegetais plásticas e livres de isômeros trans – low trans – estes óleos podem ser submetidos à interesterificação. Este processo não contribui para a formação de compostos trans e pode ser catalisado por substâncias químicas ou enzimáticas. Os alimentos industrializados, explica a pesquisadora, utilizam principalmente a gordura vegetal semi-sólida ou pastosa em lugar do óleo líquido. A gordura é preparada a partir dos óleos vegetais refinados mediante reações químicas de hidrogenação e/ ou interesterificação. O óleo líquido é formado por moléculas de ácidos graxos que possuem ligações insaturadas, o que lhe confere consistência líquida em temperatura ambiente. Durante a hidrogenação ocorre rompimento das ligações insaturadas, ou seja, rompem-se as duplas ligações formando as ligações saturadas que irão constituir e caracterizar as gorduras saturadas semi-sólidas. Durante a hidrogenação parcial, muitos ácidos graxos insaturados na configuração cis que não reagiram com o hidrogênio podem se transformar em isômeros trans. Ao contrário da hidrogenação, a interesterificação não afeta o grau de saturação nem causa isomerização nas duplas ligações dos ácidos graxos.  Ocorre uma redistribuição dos ácidos graxos nas moléculas do triacilglicerol, o que resulta em uma gordura com composição final diferente e, consequentemente, com propriedades físicas diferentes. Denise realizou a interesterificação de bases oleosas por ela previamente preparadas, que permitiram obter gorduras tecnologicamente aplicáveis, ou seja, com novas características plásticas, como consistência, comportamento de cristalização, ponto de fusão, para chegar a um novo produto com reduzido teor de isômeros trans.

Para saber mais, fonte: Saúde em Movimento