quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Paradoxo nutricional

O Brasil vive uma transição nutricional paradoxal. Um estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública revela a prevalência crescente tanto de anemias como de obesidade no país. A pesquisa, que analisou trabalhos realizados nas últimas três décadas, aponta que essa tendência estaria associada a mudanças no consumo alimentar. A pesquisa analisou 28 trabalhos publicados sobre anemia em crianças e mulheres em idade reprodutiva, considerando a representatividade estatística, padronização de técnicas laboratoriais e critérios recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para o estudo do sobrepeso e obesidade, o trabalho avaliou o Índice de Massa Corporal (IMC). Os resultados revelam que, a cada década em que o exame foi feito, a desnutrição regrediu e a obesidade evoluiu”, disse Batista Filho à Agência FAPESP. Embora o país venha superando o problema da fome, a nova pesquisa aponta as anemias como um problema em ascensão. Um dos estudos anteriores feito no município de São Paulo, cujos dados foram utilizados, foi o caso mais representativo: a prevalência do problema das anemias aumentou de 22% para 46,9% nas duas últimas décadas, entre as crianças menores de 5 anos. “Trata-se de um problema que foi progredindo na surdina, sem muitas denúncias. Hoje existem estimativas de que dois terços da população mundial podem ter anemia. Houve redução nas formas mais graves, mas houve ampliação em relação às formas leves e moderadas de anemia”, acrescentou. Segundo Batista Filho, uma certa mitificação do leite na alimentação humana tem relação com o avanço da anemia. “O leite é muito importante na alimentação, mas ainda assim não pode ser considerado um alimento que necessariamente deve fazer parte da dieta para que exista condição para saúde normal. Ele não é rico em ferro e inibe o aproveitamento de ferro de outros alimentos. No estudo feito em São Paulo, verifica-se que, em grande parte, o leite está sendo co-responsável pela ocorrência de anemia em crianças”, disse. As grandes mudanças na situação nutricional da população adulta resultaram, segundo a nova pesquisa, em um aumento do sobrepeso e obesidade. Em relação à evolução do estado nutricional, segundo o IMC, foi identificado um declínio no baixo peso e uma estabilização em níveis aceitáveis a partir de 1989, enquanto a obesidade triplicou em homens, elevando-se de 2,8% para 8,8%. Entre as mulheres, a ocorrência de obesidade, que, inicialmente, era três vezes maior do que em homens, manteve-se praticamente estável em torno de 13% nas avaliações efetuadas em 1989 e 2003. No mesmo período, a prevalência de normalidade antropométrica, que era de 71,4% entre os homens em 1974, caiu para 47,4% na última avaliação. Entre as mulheres, a prevalência da normalidade antropométrica, segundo o IMC, declinou de 53,4% para 42,7%. De acordo com Batista Filho, o novo paradigma nutricional gera a necessidade de se avançar para além dos problemas relacionados à fome. “Agora temos que pensar nos aspectos qualitativos da alimentação e não simplesmente compensá-la com calorias. Alimentação saudável não se reduz ao problema da fome, mas tem relação com vários outros aspectos nutricionais e de saúde.” “Temos de retirar um pouco do centro da discussão a questão da fome em si, e colocar agora um tema bem mais amplo, que seria o da alimentação saudável para todos os ciclos de vida. Hoje, inclusive, se percebe que quando estamos cuidando da alimentação da criança estamos cuidando do escolar, da gestante, do trabalhador e das populações idosas do futuro”, reforçou.

Para saber mais (fonte): Agência FAPESP

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Paulistas não associam colesterol a problema do coração, mostra estudo

Pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), realizada pelo Instituto DataFolha, aponta que 85% dos paulistas não consideram o colesterol um fator de risco para o coração, apesar de a metade já ter feito exame para avaliar a taxa de gordura no sangue. O estudo indica que apenas 8% dos entrevistados associam o colesterol a possíveis causas dos problemas cardiovasculares. A pesquisa da Socesp sobre fatores de risco cardiovascular foi feita com 2.096 pessoas, entre 14 e 70 anos, em 85 cidades do Estado de São Paulo. O presidente da entidade, Ari Timerman, destaca que o resultado mostra que a população jovem é a que menos sabe sobre colesterol, sendo a que pior se alimenta. "Os jovens entre 14 e 17 anos preferem os lanches aos legumes, frutas e verduras. Já entre as pessoas de menor poder aquisitivo o grande vilão é a falta de dinheiro." A pesquisa revelou também que 88% dos entrevistados não sabem indicar de forma espontânea o valor do LDL (colesterol ruim) quando está alterado; apenas 4% indicaram como alterado, quando o LDL é maior que 100 mg/dl; 5% indicaram 200 mg/dl; e 1% apontou 300 mg/dl. O nível desejado de colesterol LDL é menos do que 100 mg/DL. Um total de 89% dos entrevistados não sabe que existe HDL (colesterol bom) e o índice de desconhecimento em relação as taxas ideais também é alto entre homens e mulheres. Metade dos entrevistados nunca mediu a taxa de gordura do sangue. Entre os que mediram, 47% avaliaram há menos de seis meses; 24% entre seis meses e um ano; 15% entre um e dois anos; 14% avaliaram o colesterol há mais de dois anos. "O ideal é avaliar o colesterol a cada ano", lembra Timerman. E, 74% revelaram que o resultado obtido pelo exame foi normal, 22% disseram que a taxa estava alterada e 4% não lembram se estava normal ou alterada.

Para saber mais (fonte): Ciência e Saúde

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Álcool e desnutrição

Os pais têm um motivo a mais para se preocupar com o consumo excessivo de álcool por seus filhos adolescentes. Experimentos em ratos feitos por pesquisadores do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) indicam que o consumo da substância nessa fase da vida leva à redução da ingestão de alimentos e repercute negativamente no desenvolvimento nutricional. Por meio de medições semanais e diárias, observou-se que os ratos submetidos à solução hidroalcoólica de 20% consumiram menor quantidade de ração, enquanto os animais que só dispunham de água alimentaram-se normalmente. “Nos primeiros, o consumo de comida diminuiu, assim como o peso corporal, o percentual de gordura e a quantidade de albumina no corpo, uma das proteínas indicadoras de desnutrição", diz Rolim.  "A ingestão de álcool repercute de forma negativa no estado alimentar de adolescentes, justamente nessa fase em que as necessidades nutricionais são elevadas”, completa a nutricionista. Nos ratos que ingeriram solução hidroalcoólica a 10%, não foram observados efeitos significativos. No entanto, a nutricionista acredita que, com maior tempo de exposição, a solução poderia causar danos aos animais. A pesquisadora explica que, por se tratar de uma substância tóxica, o álcool lesa os órgãos do trato gastrointestinal (principalmente fígado e estômago), o que acaba afetando a nutrição. Segundo ela, o etanol também afeta a metabolização dos nutrientes. Rolim quer estudar agora outras bebidas alcoólicas e diferentes grupos etários e sexuais. Em seu doutorado, ela pretende testar soluções hidroalcoólicas equivalentes à cerveja e ao vinho, bebidas com teor alcoólico menor do que o estudado na primeira fase da pesquisa (aproximadamente 6%), observando seus efeitos em crianças, gestantes e idosos. “Um importante passo é a realização de testes com ratos do sexo feminino, uma vez que, atualmente, o consumo de bebidas alcoólicas entre homens e mulheres já não é tão discrepante.”

Para saber mais (fonte): Ciência Hoje

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Crianças com gene da obesidade 'não sabem parar de comer'

Um estudo conduzido por pesquisadores britânicos apontou que crianças com duas cópias do gene da obesidade têm mais dificuldades de saber a hora de parar de comer. A pesquisa britânica foi divulgada na publicação científica Clinical Endocrinology & Metabolism. A equipe, do University College of London e do King’s College, acompanhou 3 mil crianças entre 8 e 11 anos para avaliar o impacto do gene FTO - um dos primeiros a serem apontados como o vilão da obesidade - na queima de calorias e no apetite. Os especialistas consideraram o tamanho, peso e circunferência da cintura das crianças e aplicaram um questionário aos pais com perguntas sobre o comportamento dos filhos durante as refeições. Eles observaram que as crianças que carregam o gene FTO duplicado tendem a comer demais, e a apresentar dificuldades em perceber quando já estão satisfeitas. Os cientistas afirmaram que os efeitos do gene no apetite independem de idade, sexo, condição sócio-econômica e índice de massa corporal. Estudos anteriores mostraram que adultos com duas cópias do gene FTO estão, em média, 3 quilos acima do peso, enquanto os que carregam uma cópia do gene são, em geral, 1,5 quilo mais pesados. A coordenadora da pesquisa, Jane Wardle, disse que as crianças com o gene FTO duplicado têm mais tendência a comer além do necessário. "Essas pessoas são mais vulneráveis ao ritmo de vida moderno, que nos confronta com grandes porções de comida e várias oportunidades para comer o tempo todo", disse a pesquisadora. A especialista ponderou que a ação do gene FTO isoladamente pode ser relativamente pequena. "Muitos genes contribuem para a obesidade e o apetite. Cada um tem uma pequena parcela de culpa que, quando somadas, criam um efeito significativo."

Para saber mais (fonte): BBC Brasil

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Crianças com menos de dois anos não devem ingerir açúcar

Não há a necessidade dos bebês ingerirem água, chás e outros alimentos. Eles devem se alimentar exclusivamente de leite materno. Depois dos seis meses, é necessário introduzir uma alimentação complementar, formada por cereais, grãos, verduras, legumes, frutas e carnes. As informações são do doutor Ary Lopes Cardoso, pediatra e nutrologista responsável pela unidade de nutrologia do Instituto da Criança do Hospital das Clinicas. Ele diz que, na medida em que a criança vai crescendo, os alimentos devem ser engrossados, para que o bebê aprenda a digerir a comida. "Muitas pessoas acreditam que o neném tem que ter dente para mastigar, mas o ideal é que ele comece a mastigar papinhas pastosas já no sexto mês", explica o doutor. O pediatra diz que a refeição da criança pode ser preparada com óleo, sal, salsinha, cebola e alho, para que fique saborosa. Os pais devem impor limites nas crianças pequenas sobre o consumo de guloseimas, para que aprendam a dosar quando estiver diante delas na escola ou em uma festa infantil. Segundo o médico, antes de completar dois anos de idade, não é recomendado que os bebês consumam açúcar. "O docinho de festa, o pirulito, a bala, o refrigerante, não devem ser introduzidos para crianças menores de dois anos. Isso certamente contribui para que a criança tenha menor risco de, no futuro, ser diabético, hipertenso, ou ter uma dislipidemia (doenças relacionadas à coronária ou à obstrução de artérias)", explica.

Fonte: Diabete Net

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O resveratrol, abundante no vinho, confirma os benefícios da bebida para a saúde

vinhouva

O resveratrol, antioxidante abundante no vinho tinto, desacelera a deterioração do  organismo, sobretudo as funções cardiovasculares ligadas à idade, segundo o observado em cobaias sumetidas a um regime alimentar normal, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira. Esta pesquisa, conduzida e financiada em parte pelo Instituto nacional americano sobre o Envelhecimento (NIA), foi realizada após os resultados dos trabalhos de 2006 que mostraram que o resveratrol melhorava a saúde dos ratos que sofriam de excesso de peso. As conclusões do último estudo confirmam os resultados das pesquisas anteriores levam a pensar que o resveratrol, uma molécula encontrada nas uvas e nas amoras, principalmente, imita entre os ratos certos efeitos da redução de calorias, meio mais eficaz descoberto até agora para minimizar os efeitos da idade e prolongar a vida entre os mamíferos. Eles destacaram ainda que sua pesquisa foi baseada em ratos e não em humanos e, portanto, não podem aplicar imediata e diretamente às pessoas cuja saúde é submetida a uma variedade de fatores totalmente diferentes dos que afetam os animais de laboratório. Este estudo mostrou sobretudo que o resveratrol impediu nos ratos a deterioração de suas funções cardiovasculares resultantes do envelhecimento e do excesso de peso, como indicaram vários dados. O colesterol total foi nitidamente reduzido entre os ratos de 22 meses e não obesos após dez meses de tratamento com resveratrol. Além disso, a aorta dos ratos de 18 meses obesos e normais que tomaram um complemento de resveratrol funcionava muito melhor que as dos outros animais do estudo. Enfim, o resveratrol diminuiu a inflamação cardíaca. Este antioxidante também melhorou o equilíbrio e a coordenação motora dos ratos mais velhos e vários outros sinais vitais. Mas apesar desta melhora das funções vitais os ratos tratados com resveratrol, estes cientistas não constataram um aumento notável de sua longevidade.

Para saber mais (fonte): Ciência e Saúde