Uma boa notícia para os apreciadores de uvas: estudo recente mostrou que uma das espécies mais cultivadas do Brasil, a uva Isabel (Vitis labrusca), apresenta efetivas propriedades antioxidantes. Em outras palavras, é capaz de combater radicais livres, moléculas altamente reativas que causam males ao organismo, como envelhecimento precoce, doenças cardiovasculares e até câncer. O resultado foi obtido pela nutricionista Maria Isabel S. Vedana e apresentado em sua dissertação de mestrado, defendida no Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Paraná. A uva Isabel é a variedade mais consumida entre nós, ocupando aproximadamente metade dos plantios feitos no país. Seu nome é uma homenagem à agricultora norte-americana Isabella Gibbs, que começou o cultivo da espécie nos Estados Unidos no começo do século 19. Vedana trabalhou com três tipos de derivados da uva: suco natural, geleia e extrato. Segundo ela, o processamento afeta diretamente a capacidade de ação dos compostos antioxidantes, uma vez que os expõe ao oxigênio, desestabilizando-os. “Os compostos fenólicos, que combatem radicais livres, estão mais concentrados na casca da fruta. Depois que a uva é triturada, eles começam a sofrer degradação”, explica. Os testes foram feitos misturando-se soluções de radicais livres com amostras dos produtos derivados da uva. Dos três tipos testados, o extrato foi o que apresentou propriedades mais parecidas com as da fruta. Em seguida os resultados foram comparados com os de testes semelhantes feitos com o antioxidante artificial Trolox. “A amostra que revelou melhor resultado foi o extrato concentrado obtido a partir da fruta inteira, com casca, semente e sumo”, relata a pesquisadora. A geleia não teve bom desempenho, embora a casca da uva fizesse parte do preparo. Vedana acredita que isso se deva ao fato de as antocianinas (compostos fenólicos) se degradarem com o calor. Na pesquisa, a autora comparou o desempenho do suco natural com o de três sucos industrializados. Destes, apenas um teve ação antioxidante maior que a do suco por ela preparado, devido à presença de determinadas substâncias artificiais em sua composição. O processamento industrial normalmente envolve calor, na pasteurização, o que explicaria a menor ação antioxidante apresentada. Outro ponto importante é a presença de conservantes artificiais, que não afetam diretamente os compostos fenólicos, mas podem, em excesso, ser prejudiciais à saúde. De acordo com as análises, a presença de açúcar não interfere no efeito antioxidante dos produtos, embora, reconhecidamente, não seja um alimento saudável. “O ideal é consumir a fruta diretamente do cacho, sem adição de açúcar ou de conservantes artificiais”, aconselha a pesquisadora. Os resultados obtidos por Vedana não podem, a princípio, ser atribuídos também ao vinho, dado o preparo diferenciado desse produto.
Para saber mais (fonte): Ciência Hoje
Nenhum comentário:
Postar um comentário