quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Aleitamento e depressão

aleitamento

Uma pesquisa feita na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) indica que crianças de mães com sintomas de depressão pós-parto apresentam risco 80% maior de interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo. A pesquisa apontou ainda que no primeiro mês de vida a interrupção precoce de aleitamento materno foi cerca de 60% mais alta entre as crianças que moravam em condições ambientais insatisfatórias. O estudo foi publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, editada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz. Entretanto, de acordo com Maria Helena Hasselmann, professora do Instituto de Nutrição da Uerj e uma das autoras do artigo, a suspeição de depressão pós-parto foi mais determinante na interrupção da amamentação do que as variáveis socioeconômicas. “Quando se analisa a escolaridade e as condições ambientais de moradia em relação à manutenção do aleitamento materno exclusivo durante os dois primeiros meses de vida, os fatores socioeconômicos não se mostraram tão importantes como os aspectos psicossociais”, disse à Agência FAPESP. De acordo com a pesquisadora, a depressão pós-parto (DPP) pode representar não somente os perfis psicológico-emocionais maternos, mas também aspectos relacionados a dificuldades em amamentar. Outra possível explicação estaria atrelada à relação que a DPP tem com os cuidados maternos e a interação mãe-filho. “Sintomas de depressão no pós-parto imediato podem levar à interrupção precoce do aleitamento em virtude de sentimentos de baixa auto-estima e auto-confiança, o que pode gerar na mãe uma percepção exagerada das dificuldades para amamentar. Isso sugere que mães com DPP podem perder a confiança em seu papel materno, deixando de perceber os benefícios da amamentação”, explicou.  Apesar de todos os indícios, a professora da Uerj aponta que não é possível associar o abandono da amamentação exclusivamente à depressão pós-parto. Segundo ela, o estudo mostrou que outras características foram importantes, como as condições de moradia, se a criança nasceu prematura ou não e a existência de laços sociais. “Além disso, o trabalho indicou que a DPP aumenta a chance do desmame, mas o desmame precoce continua ocorrendo em diversas situações em que a mãe não apresenta DPP”, ponderou. Os achados, segundo Maria Helena, evidenciam a importância da saúde mental materna para o sucesso do aleitamento materno exclusivo. “É importante que os profissionais de saúde que lidam com as mulheres nesse período possam ter um olhar diferenciado para a saúde mental dessas mães. Os resultados desta pesquisa poderão contribuir para o desenvolvimento de ações de promoção de saúde, tanto em relação à DPP como no incentivo à prática da amamentação exclusiva”, disse.

Para saber mais (fonte): Agência FAPESP

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